Será que as palavras ficam presas no tempo? Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil? Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?... Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto. Por puro prazer!
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
CANÇÃO TRISTE
Sol, que dá nas ruas, não dá
No meu carinho.
A felicidade quando virá?
Por que caminho?
Horas e horas por fim são meses
De ansiado bem.
Eu penso em ti indecisas vezes,
E tu ninguém!
Não tenho barco para a outra margem,
Nem sei do rio
Ah! E envelheceu já tua imagem
E eu sinto frio.
Não me resigno, não me decido,
Choro querer...
Sempre eu! Ó sorte, dá-me o olvido
De pertencer!
Enterrei hoje outra vez meu sonho
Amanhã virá
Tornar-me triste por ser risonho,
E não ser já.
Fernando Pessoa
Beijito, Miss.
Umas boas festas, pese embora o Gaspar.
Lá teremos que nos virar para o Baltazer e o Belchior...
Boas Festas para si também, Mestre!
CHOVE. É DIA DE NATAL
Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal.
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.
Fernando Pessoa
Boa consoada, Miss, cheia de presentes.
E um dia de Natal cheiinho de esperanças de um ano novo melhor.
LA INFANCIA
La infancia en mi memoria es un derroche,
una inmensa fortuna en el desierto,
una flor en las manos de un cosaco,
un tiempo en que creí no tener nada
y sin saberlo tuve lo más grande:
esa firme creencia en que los años
pondrían a mis pies el mundo entero.
La infancia se parece a esos regalos
que a los niños les hacen para luego,
diciendo que los guarden, que algún día
aprenderán sin duda a utilizarlos.
La infancia es un regalo que disgusta
porque uno no sabe de qué sirve,
y, cuando al fin lo entiende, ya lo ha roto.
Vicente Gallego
No Natal apetecia ser criança, cada prenda um sorriso de surpresa, olhos esbugalhados para a maravilha.
Beijito, Miss. Prepare-se para um réveillon animado com o já célebre conjunto Petas do Gaspar.
Então esse otimismo, Mestre?
Lá porque a palavra ficou mais pequenina sem 'p', não podemos desesperar.
Outras crises já foram ultrapassadas e esta também será.
Que o 2013 nos ilumine de fé e esperança e força para construir o futuro (que nunca foi fácil).
Beijito.
Enviar um comentário