quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

E se...?

Faz hoje 40 anos que a minha família ficou destroçada.
Faz hoje 40 anos que ruiram os pressupostos sobre os quais se pensavam o presente e o futuro da minha família.

40 anos depois penso...(como digo aos alunos que não vale a pena pensar). E se o meu pai não tivesse morrido nesse dia? E se ele tivesse sobrevivido ao ataque cardíaco? Teriam os meus pais sido «felizes para sempre», até hoje? Teríamos nós crescido com menos lágrimas ou resvalariam outras por motivos que não aconteceram? Teriam os meus pais tido um divórcio, como tantos lares de colegas meus tiveram? Estariam agora velhinhos a embirrar? Seriam um encargo ou uma ajuda para nós?
E nós: teríamos os mesmos percursos que tivemos? Alguma de nós teria seguido com o negócio de família que teve de desfazer-se «por causa da desgraça que nos atingiu»?

Não vale a pena pensar «E se?», mas é quase inevitável fazê-lo, em dia que se assinala uma viragem tão grande que a nossa vida sofreu.

Ou sofre ainda...que a capacidade de guardar e de evocar o que de mau nos marcou excede em muito a capacidade de guardar e evocar (deveria mesmo ser convocar) as alegrias que nos adoçaram a vida.

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