quinta-feira, 12 de julho de 2012

Um dia assim...

Azul
(em memória de Sophia)

Cega-te a luz do sol - nunca te esqueças
deste dia sem fim:
no horizonte nascem as promessas
e hás-de ficar assim,


à espera de um milagre que te fale
com a voz de uma sereia
até te libertar de todo o mal
e deixar sobre a areia


o gesto inconsolável de algum deus
desfeito já na espuma
dos sonhos que algum tempo foram teus
ou das nuvens que fogem uma a uma.


cega-te a luz do dia - sobre o mar
um azul que não sabes decifrar.

Fernando Pinto do Amaral

2 comentários:

Ninguém.pt disse...


UM POEMA PARA SOPHIA

Praia da Granja


PRAIA DA GRANJA

Pelo que quer que seja a exaltação habito aqui,
nesta casa de sete janelas,
com uma pequena porta e uma varanda verde.

A praia incendeia-me os olhos,
e chamo, chamo à mulher espiral do mundo.

Toco com um dedo o muro branco e acrescento
ao entendimento ervas amargas, animais solares
e obscuros, um antigo instrumento de trabalho,
o búzio, o barco, o arado,
um ramo de salgueiro, esta pedra incisiva,
uma maçã vermelha.

Guardo no coração uma voz que vai de lugar em lugar
a interrogar as sombras
e no poema murmura o poder das cintilações
sobre a cânfora,
a hortelã,
os figos,
o encantamento,
a cabeça da víbora.

A extensão desta casa é a dimensão desta praia
divina sobre as águas,
tal como é divina a mulher que me acompanha
e a quem chamo espiral do mundo
por ter criado um sortilégio assim,
uma casa grega,
branca,
nítida,
com sete janelas,
uma pequena porta e uma varanda verde
sobre o mar.


Amadeu Baptista

Beijito, Miss.

Escrivaninha disse...

Bom fim de semana, Mestre.