quinta-feira, 26 de julho de 2012

Para que conste

Se me deixares, eu digo



Se me deixares, eu digo
O contrario a toda a gente;
E, neste mundo de enganos,
Fala verdade quem mente.
Tu dizes que a minha boca
Já não acorda desejos,
Já não aquece outra boca,
Já não merece os teus beijos;
Mas, tem cuidado comigo,
Não procures ser ausente:
- Se me deixares, eu digo
O contrario a toda a gente.

António Botto (1897-1959)

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