sábado, 16 de junho de 2012

Como um Rio

"Às vezes a minha alma é uma nuvem perdida no céu azul que me abraça
e meu corpo ramos frágeis nas raízes do meu caminhar.
Se soubesses como são gelados os ventos do norte que me beijam devagar
São brisas agrestes ferindo meus sonhos expostos ao tempo.
Às vezes sou a fragilidade perdida na imensidão do espaço
outras ,a coragem, a força
vinda do passado olhando o horizonte
corpo banhado nas profundezas
de um céu por inventar.
Às vezes sou como um rio descendo as encostas
num lento desbravar.
Águas furiosas de desventura...
E outras sou como um leito de águas doces
deslizando nas planícies já muito perto do mar."

São Gonçalves (colhido na página de Facebook de Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen)

3 comentários:

Ninguém.pt disse...


COMO UM RIO


Ser capaz, como um rio
que rema sozinho
a canoa que se cansa
de servir de caminho
para a esperança

Crescer para entregar
na distância calada

Se tempo é de descer
reter o dom da força
sem deixar de seguir

Como um rio aceitar
essas súbitas ondas
de águas impuras

Como um rio que nasce
de outros, saber seguir
juntos com outros

Mudar em movimento,
mas sem deixar de ser
o mesmo ser que muda
como um rio.


Thiago de Mello


Beijito, Miss.

Ninguém.pt disse...


BATE A LUZ NO CIMO


Bate a luz no cimo
Da montanha, vê...
Sem querer, eu cismo
Mas não sei em quê...

Não sei que perdi
Ou que não achei...
Vida que vivi,
Que mal eu a amei!...

Hoje quero tanto
Que o não posso ter.
De manhã há o pranto
E ao anoitecer.

Tomara eu ter jeito
Para ser feliz...
Como o mundo é estreito,
E o pouco que eu quis!

Vai morrendo a luz
No alto da montanha...
Como um rio a flux
A minha alma banha.

Mas não me acarinha,
Não me acalma nada...
Pobre criancinha
Perdida na estrada!...


Fernando Pessoa

Beijito, Miss.

Escrivaninha disse...

Beijito de 'boa noite', Mestre.