domingo, 5 de fevereiro de 2012

Turista em Lisboa

Por circuntâncias várias não dispunha do meu poiso habitual para os fins de semana em Lisboa. Como fazer? A fugaz presença dos amigos de além-mar não me deixava alternativa senão este fim de semana para estar na capital. O Inatel de Oeiras costuma ser a solução em casos destes, mas uma pesquisa na Internet levou-me a concluir que, sendo marcado de forma virtual, o alojamento em Lisboa pode ficar bem acessível. Vá de hotel. No centro de Lisboa.
E o gozo de ficar como turista na cidade que conheço desde sempre!
Entre o frio siberiano e a crise achei a cidade meia desertificada, mas esplendorosa, com um azul frio e dourado que parece desafiar a crise, como os anúncios dos cremes anti-rugas parecem desafiar o tempo e a idade...o envelhecimento, a decrepitude, a recusa da esperança.
Lisboa estava uma lição de resistência e altivez.
Do jardim do Museu Nacional de Arte Antiga, o Tejo apresentava-se insuperável. O almoço na LXFactory enchera-nos o estômago e a alma com a concilição do velho e do novo, da recuperação e da criação, da venda das velharias com as criações de autor.
O fim do segundo dia encontrou o bilhete do expresso numa das bolsas da mala. As despedidas, um "até à próxima, num dos nossos lados do Atlântico". As saudades antecipadas...as costumeiras conversas com o problema das férias ao contrário para fazermos uma viagem juntos. A recordação dos nossos encontros - e são já tantos! Braga, Rio de Janeiro, Mértola, Santos...E sempre Lisboa e sempre São Paulo.
Os elogios a Lisboa marcaram o fim de semana. O esplendor de Lisboa iluminou as nossas amizades e as promessas de próximos encontros.
Regressei com a sensação de ter sido turista em Lisboa, verdadeiramente, pela primeira vez na vida.
E que bem que Lisboa recebe os turistas! Hei-de lá voltar!   

2 comentários:

Ninguém.pt disse...


Lisboa com suas casas


Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores...
À força de diferente, isto é monótono.
Como à força de sentir, fico só a pensar.

Se, de noite, deitado mas desperto,
Na lucidez inútil de não poder dormir,
Quero imaginar qualquer coisa
E surge sempre outra (porque há sono,
E, porque há sono, um bocado de sonho),
Quero alongar a vista com que imagino
Por grandes palmares fantásticos.
Mas não vejo mais,
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras,
Que Lisboa com suas casas
De várias cores.

Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa.
À força de monótono, é diferente.
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo.

Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,
Lisboa com suas casas
De várias cores.


Álvaro de Campos


Beijito, Miss.

Escrivaninha disse...

No dia 8, inaugura na Fundação Calouste Gulbenkian, uma exposição sobre Fernando Pessoa que vem do outro lado do mar. Parece que vale bem a pena ver.

Beijito.