Será que as palavras ficam presas no tempo?
Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil?
Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?...
Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto.
Por puro prazer!
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Fantasias...o seu a seu dono: são com a Walt Disney
Rala cai chuva. O ar não é escuro. A hora Inclina-se na haste; e depois volta. Que bem a fantasia se me solta! Com que vestígios me descobre agora!
Tédio dos interstícios, onde mora A fazer de lagarto. — O muro escolta A minha eterna angústia de revolta E esse muro sou eu e o que em mim chora.
Não digas mais, pois te ignorei cativo... Teus olhos lembram o que querem ser, Murmúrio de águas sobre a praia, e o esquivo Langor do poente que me faz esquecer. Que real que és! Mas eu, que vejo e vivo, Perco-te, e o som do mar faz-te perder.
1 comentário:
Rala cai chuva
Rala cai chuva. O ar não é escuro. A hora
Inclina-se na haste; e depois volta.
Que bem a fantasia se me solta!
Com que vestígios me descobre agora!
Tédio dos interstícios, onde mora
A fazer de lagarto. — O muro escolta
A minha eterna angústia de revolta
E esse muro sou eu e o que em mim chora.
Não digas mais, pois te ignorei cativo...
Teus olhos lembram o que querem ser,
Murmúrio de águas sobre a praia, e o esquivo
Langor do poente que me faz esquecer.
Que real que és! Mas eu, que vejo e vivo,
Perco-te, e o som do mar faz-te perder.
Fernando Pessoa
Beijito, Miss.
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