"Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
protejo-me num abraço
e gero uma despedida.
Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.
Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço
- do que faço, arrependida."
Cecília Meireles
Não ando propriamente arrependida do que faço...bem, de todos os papeis que sou obrigada a fazer, ando, muito arrependida...não sei...agredida, sem dúvida. E, sem dúvida nenhuma, ando muito saudosa de coisas que não faço. Ah! A culpa disto tudo também é do Professor Agostinho da Siva, que me fez acreditar que caminhávamos para uma sociedade do lazer, em que daríamos mais atenção ao que gostamos de fazer e a nós mesmos. Se calhar a culpa não é dele, porque ele disse muitas outras coisas e é desta que eu me lembro, frequentemente. :-)
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