A primeira vez que entrei naquela florista quase não conseguia falar devido ao choro pela morte de uma amiga.
Precisava de flores...Hoje não sei para que precisava de flores naquela altura. Era uma necessidade premente, uma urgência, muito mais que uma convenção social que tinha de cumprir...Precisava de umas flores que mostrassem a minha amizade, no fundo, que me apaziguassem pelo desespero de não poder fazer nada perante o fim daquela vida...injustamente jovem, com muitas tarefas por acabar: ser mãe, ser esposa, ser filha...
Comprei um arranjo enorme, estupidamente bonito e escrevi-lhe uma mensagem, mesmo sabendo que ela nunca mais poderia ler nada que eu escrevesse.
Depositei-o junto do caixão, como se esse acto pudesse continuar a nossa amizade...
Hoje entrei na mesma florista, por duas vezes, com muita alegria, para comprar arranjos bonitos, que entreguei às famílias que me envolveram nos seus recentes crescimentos.
Estava muito feliz e emocionada por poder partilhar estes momentos de felicidade, estes inícios de vida!
Depois, dei comigo a pensar na dualidade da vida e da morte: na oposição e na semelhança, no impacto que têm em mim...assinalado com lágrimas e com flores. De sinal contrário. Compradas na mesma florista.
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