quinta-feira, 19 de março de 2009

Um pouco de humor

Para aliviar o clima - que eu não tenho muita paciência para lamechices (muito menos para as minhas) - aqui fica um poema, dedicado a todos os carecas. Ouvi eu este poema, dito pelo José Fanha, numa feira do livro. É do nosso João de Deus - o mesmo da Cartilha Maternal, sim - que viveu entre 1830 e 1896.

Também vai bem no Dia do Pai, porque há muitos pais carecas e outros que "estão carecas de ser pais".
Então:

"Sobrenome verdadeiro,
O de António Calado,
Porque ninguém mais matreiro,
Mais sonso, mais disfarçado!
Namorou um ano inteiro
A prima do Alcobia,
Sempre tão bem penteado,
Que me afirmou ela um dia:
- Não tem na cabeça um pêlo,
E nem pela fantasia
Me passou que tal cabelo
Fosse cabelo postiço!
Afinal passa o derriço,
Chega a noite do noivado,
E naquele reboliço
Despegou-se-lhe o tapisso
E adormeceu de cansado.
Ela, que acordou primeiro,
Apalpa-o pelo toutiço,
Acha pelado… roliço…
E diz-lhe assim de mansinho
Abanando o companheiro:
- Oh Antoninho, Antoninho!
Pois que maneiras são essas?
Olha que estás às avessas…
Tens o cú no travesseiro!"

O Careca, João de Deus

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