Não sei que idade tinha quando o li.
Sei que foi na escola, mas não consigo situar o ano, a turma...
Era um dos textos do livro de leitura. Marcou-me muito.
E é engraçado pensar porque é que as coisas nos marcam...A professora deu a mesma aula para todos, o mesmo manual deve ter sido lido por milhares de criancinhas da minha idade da altura, pois...a todos que tenho interrogado, o texto "não diz nada".
Até que perguntei a alguém que já ensinava quando eu ainda só aprendia.
E lá o encontrei. Lá o reencontrei. Descobri que o sabia quase de cor; só não sabia o título e o autor, porque na infância não deveria ainda pensar que isso era importante.
Não se podem abraçar as palavras, mas se pudessem eu tinha-as abraçado e beijado, tal era o meu contentamento e a minha emoção por este reencontro, por esta viagem às palavras que me foram estruturando, que fizeram eco, que deixaram marca...que certamente também são responsáveis por eu gostar tanto de palavras e por tentar escrevê-las, procurá-las, amá-las, honrá-las.
Se o autor ainda fosse vivo gostaria de lhe dizer quanto o texto dele me marcou.
Ensaiei pois uma habilidade nova que foi criar, aqui ao lado, uma hiperligação (um 'link' menina!) para que o texto fique sempre aqui, pertinho e acessível, a quem quiser partilhar comigo este reencontro, este abraço às palavras de quem tão bem escrevia e tão bem pensava.
O texto é "O Vagabundo na Esplanada", de Manuel da Fonseca, publicado em 1973, em Tempo de Solidão.
Espero que o 'link' (ó pra mim tão internética!) funcione e que gostem tanto do texto como eu, que o procurei durante anos, para agora o partilhar aqui, neste enlevo.
1 comentário:
Manuel da Fonseca foi um dos meus "escritores de juventude", li-o todo ou quase. Um dia destes recomeço por esses cerros e montes a desbravar-lhe as páginas de novo...
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