Lembram-se de uma canção, suave, fácil de entoar, que até podia ser usada para embalar?...assim:
"O mar enrola na areia
ninguém sabe o que ele diz
bate na areia e desmaia
porque se sente feliz"
Bonitinha, não era? O mar...a areia...ambiente de praia...inocente...
Até chegarmos à humanização dos elementos da Natureza...assim:
"Também o mar é casado, ó-ai
também o mar tem mulher
é casado com a areia, ó-ai
bate nela quando quer"
OH-Ai!!!!
E esta?
"Onde há galos não cantam galinhas!" e "Entre marido e mulher, não metas a colher"
Tudo ensinado de pequenino, com música de embalar e tudo...
Se quisermos ainda acrescentar umas afirmaçõezinhas de senso comum, do género "Se o marido lhe bateu, foi porque ela fez alguma!...",compreendemos porque é que a violência doméstica tem ainda os números assustadores que tem.
E bem podemos congratular-nos de que se mudem os tempos e as vontades. E de que hoje se insista na necessidade de não compactuar com estas situações e no dever de as denunciar e de ajudar as vítimas a libertarem-se.
Esta foi uma das mensagens da Conferência que o ex-Ministro da Justiça, Laborinho Lúcio, proferiu em Coimbra, no dia 4 de Novembro, com o título "Violência Doméstica: Crime Público e Dever de Justiça", e que me fez pensar em tudo isto.
Tantas vezes que cantei os versos da canção sobre o mar e nunca me apercebi da carga que transportavam!...
As palavras nunca são inocentes!
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