sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Desamor

Será o contrário do amor...
Será? Acho que o contrário do amor é o ódio e não me parece que o desamor seja nada de tão forte como o ódio.
O dicionário define como "inimizade, desprezo, aborrecimento, falta de amor", mas, para mim, desamor é assim...não estar lá...ser indiferente, não se importar.
Existe muito desamor por aí!
Sabem aquelas pessoas para quem dizermos que fomos assaltados ou que fomos aumentados é a mesma coisa? Estão a vê-las? São imensas, não são? Conseguem dizer "Coitada" e "Parabéns" exactamente com o mesmo tom de voz, com a mesma inexpressão.
Assusta! Não por nós, que continuaremos a viver a nossa tristeza ou alegria com a mesma intensidade, mas por elas, por essas pessoas, que não têm capacidade de se descentrar de si mesmas para sentir os outros, para se alegrar ou entristecer por eles...Se saíssem de si mesmas um bocadinho para se dedicarem aos outros, talvez quando "voltassem" se reencontrassem diferentes, se redescobrissem (até por aquilo que aprenderam com os outros, que descobriram nos outros).
Não sei se são egoístas ou hipócritas, mas suspeito que não podem ser felizes, porque não conseguem dar e receber emoções...partilhar.
Hoje vieram contar-me uma novidade, algo muito importante para a vida da pessoa que estava à minha frente, a falar comigo. E no fim rematou: "Vim dizer-lhe, porque sabia que ia ficar contente, que ia gostar de saber!"
E eu pensei: "Quanto desamor já terá esta pessoa enfrentado para escolher as pessoas a quem dá uma boa novidade!..."
E voltei para o meu "pequeno mundo" mais satisfeita, porque tinha conseguido viver uma experiência de...de...do contrário do desamor, que também não é o amor...talvez a empatia...não sei, as definições não importam, o que importa são as trocas de emoções, é a ausência de indiferença, que consegue por momentos iluminar os nossos pequenos mundos e torna-los mais claros...como a lua cheia, magnífica, que brilha hoje no céu.

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