quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Leituras de Janeiro

 Quando o ano começou andava a braços com a leitura de Fantasia para Dois Coronéis e Uma Piscina de Mário de Carvalho

Gosto das entrevistas que vi de Mário de Carvalho, gosto do seu ar simpático e muito, muito culto. Um dia, depois de ver um programa televisivo em que o escritor participou (Nas Nuvens, Canal Q) resolvi comprar um livro seu, que é uma espécie de manual de escrita: Quem Disser o Contrário é Porque tem Razão. E comprei. Depois comecei a pensar que ler um manual de escrita de um escritor do qual não sei se gosto da escrita é, no mínimo estranho e no máximo arriscado. Será que quero mesmo que ele me ensine a escrever como ele? Como é que ele escreve? Eu quero escrever como ele?

Aí comecei a procurar obras suas. E tem muitas, mas só os contos estavam disponíveis para empréstimo. Trouxe. Gostei. Não adorei, mas gostei. Lembrei-me até que tinha visto a adaptação televisiva de um conto seu, O Alferes, que muito me tinha impressionado, numa excelente interpretação de João Lagarto. Era ele ainda novo e eu mais ainda.

E depois, um dia, numa livraria - que é o meu Tinder de amores literários - lá divisei este Fantasia para Dois Coronéis e Uma Piscina. E comprei. E li. Com algum prazer e muita obstinação. Ele escreve bem, mas a narrativa é barroca e exige-me esforço de atenção e muita disciplina. Está bem escrita. O autor tem muita cultura. E imaginação. Mas o ritmo da história é cheio de solavancos, recursos que se intrometem na leitura, trechos bons misturados com texto aborrecido...mas continua a espantar-me como se consegue escrever uma história do princípio ao fim.

Lá terminei e registei alguns trechos e reflexões no caderno de papel. Azul, como o escritório será quando terminar a minha mais recente empreitada de decoração.

Pelo meio das leituras de Janeiro ficam as Crónicas de Alice Vieira, Pedro Mexia e Gonçalo Cadilhe, onde colho a matéria prima da minha rubrica na Rádio, assinada em nome do local onde trabalho. Um projeto pessoal e coletivo, um projeto de trabalho que me deixa muito feliz. E me obriga a ler. De forma constante.

Janeiro ainda foi preenchido com um livro de Jeffrey Archer, o primeiro que ele escreveu: Nem um tostão a mais, nem um tostão a menos, reeditado em Portugal no final do ano passado. Pela Bertrand, claro, onde o encontrei.

Mas a ele dedico post próprio.

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