terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Ditados e Ditames

"(...) A Velha Esperança está convencida de que não morrerá nunca. Em mil novecentos e noventa e dois sobreviveu a um massacre. (...) »Veio uma tropa fandanga, uma malta de arruaceiros bem armados, muito bebidos, entraram pela casa à força e espancaram toda a gente. O comandante quis saber como se chamava a velha. Ela disse-lhe, Esperança Job Sapalalo, patrão, e ele riu-se. Troçou, a Esperança é a última a morrer. Alinharam o dirigente e a família no quintal da casa e fuzilaram-nos. Quando chegou a vez da Velha Esperança não havia mais balas. O que te salvou, gritou-lhe o comandante, foi a logística. O nosso problema há-de ser sempre a logística. Depois mandou-a embora. Agora ela julga-se imune à morte. Talvez seja.»"

Agualusa, José Eduardo, O Vendedor de Passados, pp. 22-23

Sem comentários: