segunda-feira, 30 de maio de 2022

Sobre a arte da escrita - A mulher que correu atrás do vento (João Tordo)

 "(...) e quis saber o que eu ia fazer do resto da minha vida.

Vou escrever um livro, respondi.

Ele riu-se com a sua boca de parvo e perguntou-me sobre o que era. E eu respondi que aquela pergunta era a mais ridícula de todos os tempos, porque os livros não eram sobre nada, nunca ninguém escreveu um livro sobre coisa nenhuma. Os livros eram sobre si mesmos, disse eu, sobre o próprio acto de os escrevermos. (...)" (p.435)


"(...) E, contudo, o que se aprende ao escrever é que tudo é verdadeiro, mesmo quando mentimos. (...)" p. 205)


"Eu acho que os escritores não sabem dar resposta aos seus próprios livros, disse Eduardo. Acho que os escrevem sem saberem o que fazem , criam enormes problemas e, depois, por não os saberem resolver, deixam as pessoas a pensar demasiado, a julgar coisas diferentes e contraditórias, em luta consigo próprias. Pelo menos, comigo, acontece assim. Preciso de compreender, e não sou capaz." (p.358)


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