sábado, 7 de junho de 2014

Tempo de despedidas

Últimas aulas da disciplina de História de 9º ano. Para muitos as últimas aulas da disciplina de História na vida (mas não as últimas lições da História, assim espero).
Concentramo-nos nas páginas do manual que levantam mais questões e preocupações do que fornecem respostas. Chamo-lhes à atenção para os desenvolvimentos da Ciência, da Técnica e da Tecnologia que têm de ser geridos com muito cuidado, para as questões éticas que os limites, ou falta deles, num tal desenvolvimento levantam. Até onde podemos ir? Até onde devemos ir? A quem podemos e devemos entregar todas estas imensas possibilidades.
"-A clonagem, por exemplo. Estão a ver a ovelha Dolly, que todos conhecem. A clonagem levanta muitos problemas. Será possível/desejável clonar seres humanos? - pausa - Imaginem o perigo de possibilidades como estas em mãos erradas: imaginem, por exemplo, se um homem como Hitler dispusesse destas possibilidades de clonagem."
Gerou-se um momento dramático. Todos eles tinham trabalhado o tema do Holocausto e pareciam naquele momento sentir o peso daquela herança sobre os ombros.
Era isso mesmo que eu queria. Que eles - que irão agora começar a escolher as suas profissões - tivessem a noção da responsabilidade do uso do conhecimento.
O ambiente pesado da sala foi interrompido pelo N, aluno da última fila: "- Acha mesmo que ele conseguiria fazer um exército só de ovelhas?"
A explosão de risos que se seguiu limpou o drama da sala e transportou-nos para a  alegria que marcara a maioria das nossas aulas e que marcava agora os desejos de felicidade com que me despedia deles.

Ficou só por falar que, por detrás do optimismo com que lhes assinalo sempre o progresso que vimos atingindo, está o desespero desse desenvolvimento ter ainda muitas limitações...não ter conseguido, por exemplo, a cura para o cancro que este ano venceu o Diogo, colega desta turma.
As despedidas deixam-me cada vez mais triste!

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