"E logo hoje a minha vassoura não anda!
Já a abanei, já a virei ao contrário...nada. Parece uma vassoura normal.
Eu precisava de sair hoje! E a minha vassoura não anda!
Tenho de suportar toda a gaiatada a brincar às bruxas...Gostava de saber quem foi o idiota que divulgou as nossas tradições! (Alguma bruxinha que teve um flirt com um "civil", só pode!).
Antigamente era tudo muito mais sossegado: esta era uma noite normal para todos (menos para nós, claro, as verdadeiras).
Na minha infância (há milénios) quando ainda não estava autorizada a frequentar as nossas festas, dormia ansiosa pela manhã do dia seguinte - o Dia de Todos os Santos, em que, em bandos, corríamos as casas todas a pedir "Pão por Deus".
Era tão bom! Poucos negavam às crianças uma dádiva da época: nozes, castanhas, ou bolos, os preferidos das crianças. Algumas pessoas faziam fornadas de bolos especialmente para os meninos, que pediam candidamente "Pão por Deus", que guardavam em saquinhos de pano (a recordar piqueniques familiares) e depois dividiam mais logo, já longe dos olhares dos benfeitores.
Era uma tradição muito bonita, que aliava um espírito religioso a uma troca de mimos entre gerações.
Agora andam todos encantados com a "americanice" do Dia das Bruxas e tornam isto mais insuportável que o Carnaval (porque aí sempre há uma diversidade temática).
Também não sei o que andam a fazer os professores de História, os antropólogos e os "culturólogos" deste país, que deixaram morrer a tradição do Dia de Pão por Deus, sepultada pela importação deste...Até me custa dizer! E a minha vassoura que não arranca, para eu me poder livrar deste Carnaval ridículo, organizado por arruaceiros que não conhecem verdadeiramente o tema!
Vou estar toda a noite sem dormir, revoltada por perder a festa dos meus!
Que porcaria de vassoura! E logo hoje: Parece bruxedo!"
2 comentários:
Por aqui ainda há o "Pão por Deus" embora este ano como não estive aqui não sei se cá vieram... O cão deve ter sido um bom anfitrião.
Após leitura atenta... é caso para cair na redundância: (palavra que adoro, entre outras) a tradição já não é o que era! Tal como dizia o saudoso poeta mudam-se os tempos... esvanecem-se as vontades!
Bjs e parabéns.
Rui
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