Difícil, nas férias, foi aguentar as saudades desta amiga! |
Será que as palavras ficam presas no tempo? Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil? Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?... Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto. Por puro prazer!
terça-feira, 30 de agosto de 2011
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
The Story Tailler
Alcobaça, 19/8/2011 |
Avisem o sol e a praia que, nos próximos dias, os quero - só a eles - por companhia.
Deixo por aqui um "postal" que tem várias história para contar.
Talvez lá para Setembro...
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sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Protecção Civil de Liliput
"A costureira de Gulliver está cada vez mais senil! É a segunda vez esta semana que temos um problema de trânsito por causa dela deixar cair para a rua um dos seus carrinhos de linhas" pensa o pequeno homem de colete amarelo, enquanto se senta na praça, aborrecido por ter sido destacado para resolver a situação.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
"A lucidez é insuportável, não é?"
disse na novela das sete, a louca, internada num hospício, que morre de pena dos sãos que a visitam e que vão comentando as decisões difíceis que tomam e o custo de cada uma delas.
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
sábado, 13 de agosto de 2011
O Chato do Querubim
![]() |
Madrid Pormenor da Porta de Alcalá |
O chato do querubim
E decretou que eu estava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim
"inda" garoto deixei de ir à escola
Cassaram meu boletim
Não sou ladrão , eu não sou bom de bola
Nem posso ouvir clarim
Um bom futuro é o que jamais me esperou
Mas vou até o fim
Eu bem que tenho ensaiado um progresso
Virei cantor de festim
Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso
Em quixeramobim
Não sei como o maracatu começou
Mas vou até o fim
Por conta de umas questões paralelas
Quebraram meu bandolim
Não querem mais ouvir as minhas mazelas
E a minha voz chinfrim
Criei barriga, a minha mula empacou
Mas vou até o fim
Não tem cigarro acabou minha renda
Deu praga no meu capim
Minha mulher fugiu com o dono da venda
O que será de mim ?
Eu já nem lembro "pronde" mesmo que eu vou
Mas vou até o fim
Como já disse era um anjo safado
O chato dum querubim
Que decretou que eu estava predestinado
A ser todo ruim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim"
Chico Buarque, Até ao Fim
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Palavras Cantadas
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
O Relógio
![]() |
Madrid |
Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Tic-tac . . .
Vinicius de Moraes
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Palavras de Outros
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Bairro do Oriente
"Tenho uma lamparina
Que trouxe das arábias
Para te amar à luz do azeite
Num kama-sutra de noites sábias..."
Compromisso
"Após a fase do «a toda a hora e mais que houvesse», foram dois anos, inteirinhos, naquela luta, naquele desacerto, de desejo frustrado para ambos.
Ela, à noite, deslizando qual pantera sobre os lençóis e o corpo dele, libertando tanto calor que quase provocaria uma explosão de gás, para esbarrar com o sono dele, que a atendia, por vezes com uma certa condescendência, e que, por mais de uma vez, adormeceu quando, de facto, não devia…não podia.
Ele, acordando, rijo e energético, manhã cedo a amaciar-lhe a pele, a apalpar-lhe as carnes, a explodir desejo antes mesmo de ela acordar e a queixar-se mais tarde da falta de entusiasmo dela, que acordava, realmente, tarde demais.
Decidindo terminar com o suplício, por manifesta incompatibilidade, escolheram a hora do meio-dia para assinar o divórcio."
Ela, à noite, deslizando qual pantera sobre os lençóis e o corpo dele, libertando tanto calor que quase provocaria uma explosão de gás, para esbarrar com o sono dele, que a atendia, por vezes com uma certa condescendência, e que, por mais de uma vez, adormeceu quando, de facto, não devia…não podia.
Ele, acordando, rijo e energético, manhã cedo a amaciar-lhe a pele, a apalpar-lhe as carnes, a explodir desejo antes mesmo de ela acordar e a queixar-se mais tarde da falta de entusiasmo dela, que acordava, realmente, tarde demais.
Decidindo terminar com o suplício, por manifesta incompatibilidade, escolheram a hora do meio-dia para assinar o divórcio."
terça-feira, 2 de agosto de 2011
A propósito do nada
"sou
para o outro
este corpo esta
voz
sou o que digo
e faço
enquanto posso
mas
para mim
só sou
se penso que sou
enfim
se sou
a consciência
de mim
e quando
vinda a morte
ela se apague
serei o que alguém acaso
salve
do olvido
já que
para mim
(lume apagado)
nunca terei existido"
Ferreira Gullar
para o outro
este corpo esta
voz
sou o que digo
e faço
enquanto posso
mas
para mim
só sou
se penso que sou
enfim
se sou
a consciência
de mim
e quando
vinda a morte
ela se apague
serei o que alguém acaso
salve
do olvido
já que
para mim
(lume apagado)
nunca terei existido"
Ferreira Gullar
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segunda-feira, 1 de agosto de 2011
A Verdade
![]() |
Eça de Queirós e a Verdade Lisboa (Réplica da estátua original de Teixeira Lopes) |
Mas só deixava passar
Meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil de meia verdade,
E a sua segunda metade
Voltava igualmente com meios perfis
E os meios perfis não coincidiam verdade...
Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta,
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual
a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela
E carecia optar.
Cada um optou conforme
Seu capricho,
sua ilusão,
sua miopia."
Carlos Drummond de Andrade
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