Que saudades do Anthímio de Azevedo e do Costa Malheiros, com quem me habituei a partilhar mentalmente os projectos para o dia seguinte, designadamente passeios ou a combinação de roupas, mediante as suas diárias previsões.
Agora, para além de haver alertas muito coloridos (antigamente a televisão era a preto e branco...seria despropositado) prevê-se, na melhor das hipóteses, um desagravamento do tempo.
Quer dizer, é assim uma expressão, que não limpa o ambiente...quando um deles dizia que ia haver uma melhoria, sentíamos logo que tudo ia ficar bem...como quando tomávamos um Melhoral.
Era ou não era um Tempo Melhor?
Será que as palavras ficam presas no tempo? Terão as palavras alguma coisa a ver com a moda, efémera e volátil? Evocações do passado também poderão ser palavras que, outrora, marcaram tanto o nosso quotidiano como o som do chiar do baloiço, o pregão da “língua da sogra” na praia ou o cheiro do cozido à portuguesa ao domingo?... Procurar e (re)contextualizar palavras, embalarmo-nos nelas, divagar sobre elas, são alguns dos objectivos deste projecto. Por puro prazer!
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Outra das Músicas da Minha Vida
"Have yourself a merry little Christmas,
Let your heart be light
From now on,
our troubles will be out of sight
Have yourself a merry little Christmas,
Make the Yule-tide gay,
From now on,
our troubles will be miles away.
Here we are as in olden days,
Happy golden days of yore.
Faithful friends who are dear to us
Gather near to us once more.
Through the years
We all will be together,
If the Fates allow
Hang a shining star upon the highest bough.
And have yourself A merry little Christmas now."
Have yourself a Merry little Chritmas, Ralph Blane/Hugh Martin (1943)
Na minha versão preferida:
http://www.youtube.com/watch?v=LpPdl0StUVs
Let your heart be light
From now on,
our troubles will be out of sight
Have yourself a merry little Christmas,
Make the Yule-tide gay,
From now on,
our troubles will be miles away.
Here we are as in olden days,
Happy golden days of yore.
Faithful friends who are dear to us
Gather near to us once more.
Through the years
We all will be together,
If the Fates allow
Hang a shining star upon the highest bough.
And have yourself A merry little Christmas now."
Have yourself a Merry little Chritmas, Ralph Blane/Hugh Martin (1943)
Na minha versão preferida:
http://www.youtube.com/watch?v=LpPdl0StUVs
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"Isso de ser exactamente o que se é ainda vai nos levar além."
(frase que eu conhecia, mas de que desconhecia a origem; «descobria-a» no poema de Paulo Leminski, que gentilmente me foi ofertado num comentário ao post do dia 13 de Dezembro de 2009.)Obrigada!
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Reavivar o Sonho
Hoje, na navio fantasma que é uma escola sem alunos, no frenesim burocrático de tudo quantificar, de tudo reduzir a justificações ao pilímetro (expressão criada hoje mesmo que significa as picuinhices explicitadas ao milímetro), na elaboração de impressos e estatísticas à mão, ignorando a era digital e as possibilidades da «tecnologização» recomendada pela política nacional... olhei para as fotografias dos alunos, a quem gosto muito de dar aulas, e tive necessidade de recordar Sebastião da Gama; o Mestre Sebastião da Gama, a quem por vezes roubo frases do Diário para colocar nas feridas da alma docente que trago em mim.
"O Sonho
Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria, ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos."
Sebastião da Gama, Pelo Sonho é que Vamos
"O Sonho
Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria, ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos."
Sebastião da Gama, Pelo Sonho é que Vamos
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domingo, 20 de dezembro de 2009
A Fatal Trilogia dos F's
E temos a polícia e os nossos impostos empatados a tomar conta de grupos de delinquentes organizados em claques (eu nem sei se isto se escreve assim...).
E temos tudo isto como primeira notícia do país, a empatar a vida de quem se quer informar sobre o que se passou hoje em Portugal e no mundo.
E há um jogador com nome de monstro verde: Hulk...Hugh!
E as pessoas, que se queixam do frio, que têm medo da gripe e que se lamentam das dificuldades económicas da crise estão lá...muitas pessoas...
Eu até percebo Fátima e até gosto de Fado, mas um dia, alguém terá de me explicar o Futebol!
E temos tudo isto como primeira notícia do país, a empatar a vida de quem se quer informar sobre o que se passou hoje em Portugal e no mundo.
E há um jogador com nome de monstro verde: Hulk...Hugh!
E as pessoas, que se queixam do frio, que têm medo da gripe e que se lamentam das dificuldades económicas da crise estão lá...muitas pessoas...
Eu até percebo Fátima e até gosto de Fado, mas um dia, alguém terá de me explicar o Futebol!
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Robbie Williams pelo Natal
http://www.youtube.com/watch?v=LtWSR89UhRg
Esta é dedicada a quem eu acompanhei uma vez a um concerto deste senhor...
Esta é dedicada a quem eu acompanhei uma vez a um concerto deste senhor...
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I'm Dreaming of a White Christmas
"I'm dreaming of a white Christmas
Just like the ones I used to know
Where the treetops glisten and children listen
To hear sleigh bells in the snow.
I'm dreaming of a white Christmas
With every Christmas card I write
May your days be merry and bright
And may all your Christmases be white.
I'm dreaming of a white Christmas
With every Christmas card I write
May your days be merry and bright
And may all your Christmases be white."
Irving Berlin, 1942
Just like the ones I used to know
Where the treetops glisten and children listen
To hear sleigh bells in the snow.
I'm dreaming of a white Christmas
With every Christmas card I write
May your days be merry and bright
And may all your Christmases be white.
I'm dreaming of a white Christmas
With every Christmas card I write
May your days be merry and bright
And may all your Christmases be white."
Irving Berlin, 1942
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Disseram que ia nevar...
E cá estou eu, embrulhada em roupões e cobertores, a ouvir o vento a uivar lá fora, a tentar equilibrar o livro enorme que estou a ler, com os sacões dos espirros que deram para me atacar este fim de semana.
Constipação...não é gripe (Ah, mas chateia!)
Mantém-me alerta a esperança, que me faz espreitar amiúde pela janela, de ver a neve.
Disseram que ia nevar e eu - qual criança que espera o Pai Natal - não quero perder o espectáculo.
Na realidade «I'm dreaming of a white christmas» just like the ones I never Knew.
Constipação...não é gripe (Ah, mas chateia!)
Mantém-me alerta a esperança, que me faz espreitar amiúde pela janela, de ver a neve.
Disseram que ia nevar e eu - qual criança que espera o Pai Natal - não quero perder o espectáculo.
Na realidade «I'm dreaming of a white christmas» just like the ones I never Knew.
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sábado, 19 de dezembro de 2009
Boas Festas
Embora eu ache que dificilmente as festas sejam más, cumpre-me desejar a todos os que por aqui passam umas BOAS FESTAS!
Sobretudo agradecer a todos (os que participam e os que se mantêm «calados») o terem tornado este espaço um lugar muito feliz.
Este projecto superou muito as minhas expectativas e hoje já me posso considerar, com muito orgulho, «blogodependente». Mas a culpa é vossa! Sobretudo daqueles que, participando, foram exigindo de mim mais atenção e mais aprumo na escrita e opiniões, procura de novos conhecimentos...
Tenho aprendido muito com as participações de todos. Descobri autores, palavras, sentimentos...vou vivendo muitas Partículas de Felicidade. Descobri sobretudo que, para quem gosta de pessoas, todos os espaços - dos reais aos virtuais - são espaços de conversa e de desenvolvimento de amizades.
A todos os amigos que por aqui passaram desejo Festas Felizes e Um Ano de 2010 cheio de Coisas Boas (conceito suficientemente amplo para corresponder aos desejos, necessariamnte diferentes, de cada um)
Temos uma década nova, inteirinha, por estrear. Força aí!
Sobretudo agradecer a todos (os que participam e os que se mantêm «calados») o terem tornado este espaço um lugar muito feliz.
Este projecto superou muito as minhas expectativas e hoje já me posso considerar, com muito orgulho, «blogodependente». Mas a culpa é vossa! Sobretudo daqueles que, participando, foram exigindo de mim mais atenção e mais aprumo na escrita e opiniões, procura de novos conhecimentos...
Tenho aprendido muito com as participações de todos. Descobri autores, palavras, sentimentos...vou vivendo muitas Partículas de Felicidade. Descobri sobretudo que, para quem gosta de pessoas, todos os espaços - dos reais aos virtuais - são espaços de conversa e de desenvolvimento de amizades.
A todos os amigos que por aqui passaram desejo Festas Felizes e Um Ano de 2010 cheio de Coisas Boas (conceito suficientemente amplo para corresponder aos desejos, necessariamnte diferentes, de cada um)
Temos uma década nova, inteirinha, por estrear. Força aí!
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Uma das Músicas da Minha Vida
http://www.youtube.com/watch?v=Uj4j-iV-iak
Tom Waits; António Pinho Vargas ao vivo
Tom Waits; António Pinho Vargas ao vivo
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Auto-Defesa
Ainda vais engolir tudo o que disseste!
Ainda vais ter saudades minhas!
Ainda te vais arrepender!
Tu vais ver!
Deixa estar!...
Escreve o que te digo!
(esta última será a auto-defesa preferida das professoras, que, depois do «ditado», adorariam agarrar numa caneta vermelha e, descobrindo um ou dois erros, encontrar uma base mais sólida para o fim da relação: Pois se o gajo nem escrever sabia…)
Ainda vais ter saudades minhas!
Ainda te vais arrepender!
Tu vais ver!
Deixa estar!...
Escreve o que te digo!
(esta última será a auto-defesa preferida das professoras, que, depois do «ditado», adorariam agarrar numa caneta vermelha e, descobrindo um ou dois erros, encontrar uma base mais sólida para o fim da relação: Pois se o gajo nem escrever sabia…)
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
«Bem aventurados os pobres de espírito porque deles é o reino dos céus»
Muita gente cita frequentemente estas palavras da Bíblia - creio que do Evangelho segundo S. Mateus - de tal maneira que foi um «conhecimento» que fomos adquirindo, por repetição.
Venho agora insurgir-me contra a manifesta acumulação de cargos que verifico diarimente.
Se lhes está prometido o reino dos céus, será que não há incompatibilidade com o domínio crescente de cargos, que vão ocupando no reino terrestre?
Não há quem ponha cobro a isto?
Não lhes chega o dos céus?
Que inferno!
Ai, perdão...será que os extremos se tocam mesmo?...
Venho agora insurgir-me contra a manifesta acumulação de cargos que verifico diarimente.
Se lhes está prometido o reino dos céus, será que não há incompatibilidade com o domínio crescente de cargos, que vão ocupando no reino terrestre?
Não há quem ponha cobro a isto?
Não lhes chega o dos céus?
Que inferno!
Ai, perdão...será que os extremos se tocam mesmo?...
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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Surpreendam-me; surpreendam-se...e a magia volta
Uma das coisas aborrecidas em ser professora é que quando definimos um trabalho comum a todos os alunos temos depois de ver ou ouvir muuuuuiiiitos trabalhos iguais ou parecidos.
Assim, o trabalho que consistia numa nota biográfica de uma personagem do século XIX, proporcionou-me muitos Thomas Edison(s) e muitos Graham Bell(s), cujas justificações da escolha invariavelmente diziam "porque o que ele fez teve muita importância para o nosso tempo: hoje, na nossa vida, é muito importante a electricidade e o telefone."
E torna-se monótono. Faz parte do pacote...de ser professora...aturar trabalhos muito parecidos...monotonamente parecidos; e perguntas "de aprofundamento" do género: "Ele casou? Teve filhos?"
Pronto...uma pessoa está preparada, já não estranha...
Mas talvez tudo isto torne muito mais refrescante o aparecimento de um trabalho, uma personagem e uma justificação diferente.
Foi hoje, J.D. apresentou-se para expôr o seu trabalho. Era o último da turma, porque, como sempre, adia tudo o que pode, tentando levar sempre a vida a brincar, mas com um espírito fino e agudo, um apurado sentido de humor e de observação.
- Então e a tua personagem é...
- Mendel.
A minha atenção completa e a estranheza da turma por uma personagem que não tinha ainda sido abordada.
- Quem é? Fez o quê?
- É o que eu vou dizer - J.D. deliciado por perceber que tinha público.
Explicou tudo direitinho. O Mosteiro, o jardim, as experiências, ao longo de anos, com as ervilhas, a observação cuidadosa, os resultados ignorados por um mundo impreparado que chama hoje «pai da genética» a um indivíduo que relegou para o desempenho de tarefas burocráticas, amargurando-lhe o fim da vida.
Gostei de recordar que isto dos incompetentes tomarem as rédeas e tratarem como burros todos os que apresentem algo de diferente é quase uma tradição.
Debatemos, explicámos, eu recordei a viagem em que, pela primeira vez, num museu de ciência - do lado de lá do mar - tinha visto uma exposição sobre Mendel; referimos Darwin, as recentes comemorações...
Eu estava encantada.
De repente lembrei-me que faltava fazer a pergunta sacramental: "E porque escolheste esta personagem? Porque te interessaste por ele?"
O rapaz abriu um sorriso franco: "Oh Professora...porque ele se interessou pelas ervilhas...e eu acho que elas são todas iguais."
Assim, o trabalho que consistia numa nota biográfica de uma personagem do século XIX, proporcionou-me muitos Thomas Edison(s) e muitos Graham Bell(s), cujas justificações da escolha invariavelmente diziam "porque o que ele fez teve muita importância para o nosso tempo: hoje, na nossa vida, é muito importante a electricidade e o telefone."
E torna-se monótono. Faz parte do pacote...de ser professora...aturar trabalhos muito parecidos...monotonamente parecidos; e perguntas "de aprofundamento" do género: "Ele casou? Teve filhos?"
Pronto...uma pessoa está preparada, já não estranha...
Mas talvez tudo isto torne muito mais refrescante o aparecimento de um trabalho, uma personagem e uma justificação diferente.
Foi hoje, J.D. apresentou-se para expôr o seu trabalho. Era o último da turma, porque, como sempre, adia tudo o que pode, tentando levar sempre a vida a brincar, mas com um espírito fino e agudo, um apurado sentido de humor e de observação.
- Então e a tua personagem é...
- Mendel.
A minha atenção completa e a estranheza da turma por uma personagem que não tinha ainda sido abordada.
- Quem é? Fez o quê?
- É o que eu vou dizer - J.D. deliciado por perceber que tinha público.
Explicou tudo direitinho. O Mosteiro, o jardim, as experiências, ao longo de anos, com as ervilhas, a observação cuidadosa, os resultados ignorados por um mundo impreparado que chama hoje «pai da genética» a um indivíduo que relegou para o desempenho de tarefas burocráticas, amargurando-lhe o fim da vida.
Gostei de recordar que isto dos incompetentes tomarem as rédeas e tratarem como burros todos os que apresentem algo de diferente é quase uma tradição.
Debatemos, explicámos, eu recordei a viagem em que, pela primeira vez, num museu de ciência - do lado de lá do mar - tinha visto uma exposição sobre Mendel; referimos Darwin, as recentes comemorações...
Eu estava encantada.
De repente lembrei-me que faltava fazer a pergunta sacramental: "E porque escolheste esta personagem? Porque te interessaste por ele?"
O rapaz abriu um sorriso franco: "Oh Professora...porque ele se interessou pelas ervilhas...e eu acho que elas são todas iguais."
domingo, 13 de dezembro de 2009
Conversas de Café II
Continuando na minha cabeça o raciocínio das nossas trocas de palavras, por aqui, sobre a natureza humana e sobre a questão, que me preocupa, da crescente indiferença à morte massiva, à morte longínqua, à morte sem rosto, à morte que se torna só estatística, recordei-me de um texto que tinha lido na escola, quando aluna, num daqueles livros de leitura que nos despertavam para autores, textos e palavras.
Tal como em relação ao outro texto - cuja alegria do reencontro me levou a criar o Salvo Seja - só me lembrava do teor, mas não do autor.
"Dedos para que vos quero?": busca na net - já está!
Afinal o caso já vem de longe!...
O texto que prova isso é de Eça de Queiróz. Aqui fica um pedacinho (há um pouco mais, aqui ao lado, no Salvo Seja, com o título que a minha lembrança diz que encimava o texto do livro de leitura)
"Dois mil javaneses sepultados no terramoto, a Hungria inundada, soldados matando crianças, um comboio esmigalhado numa ponte, fomes, pestes e guerras, tudo desaparecera – era sombra ligeira e remota. Mas o pé desmanchado da Luísa Carneiro esmagava os nossos corações… Pudera! Todos nós conhecíamos a Luisinha – e ela morava adiante, no começo da Bela-Vista, naquela casa onde a grande mimosa se debruçava do muro dando à rua sombra e perfume." Eça de Queiróz, Cartas Familiares e Bilhetes de Paris, 1907
(recolhido em somadeletras.blogspot.com, num post de 12 de Julho de 2008)
Tal como em relação ao outro texto - cuja alegria do reencontro me levou a criar o Salvo Seja - só me lembrava do teor, mas não do autor.
"Dedos para que vos quero?": busca na net - já está!
Afinal o caso já vem de longe!...
O texto que prova isso é de Eça de Queiróz. Aqui fica um pedacinho (há um pouco mais, aqui ao lado, no Salvo Seja, com o título que a minha lembrança diz que encimava o texto do livro de leitura)
"Dois mil javaneses sepultados no terramoto, a Hungria inundada, soldados matando crianças, um comboio esmigalhado numa ponte, fomes, pestes e guerras, tudo desaparecera – era sombra ligeira e remota. Mas o pé desmanchado da Luísa Carneiro esmagava os nossos corações… Pudera! Todos nós conhecíamos a Luisinha – e ela morava adiante, no começo da Bela-Vista, naquela casa onde a grande mimosa se debruçava do muro dando à rua sombra e perfume." Eça de Queiróz, Cartas Familiares e Bilhetes de Paris, 1907
(recolhido em somadeletras.blogspot.com, num post de 12 de Julho de 2008)
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sábado, 12 de dezembro de 2009
Vocação do Poeta
"Não nasci no começo deste século:
Nasci no plano do eterno,
Nasci de mil vidas superpostas,
Nasci de mil ternuras desdobradas.
Vim para conhecer o mal e o bem
E para separar o mal do bem.
Vim para amar e ser desamado.
Vim para ignorar os grandes e consolar os pequenos.
Não vim para construir minha própria riqueza
Nem para destruir a riqueza dos outros.
Vim para reprimir o choro formidável
Que as gerações anteriores me transmitiram.
Vim para experimentar dúvidas e contradições.
Vim para sofrer as influências do tempo
E para afirmar o princípio eterno de onde vim.
Vim para distribuir inspiração às musas.
Vim para anunciar que a voz dos homens
Abafará a voz da sirene e da máquina,
E que a palavra essencial de Jesus Cristo
Dominará as palavras do patrão e do operário.
Vim para conhecer Deus meu criador, pouco a pouco,
Pois se O visse de repente, sem preparo, morreria."
Murilo Mendes (1901-1975)
Poeta brasileiro; morreu em Lisboa.
Nasci no plano do eterno,
Nasci de mil vidas superpostas,
Nasci de mil ternuras desdobradas.
Vim para conhecer o mal e o bem
E para separar o mal do bem.
Vim para amar e ser desamado.
Vim para ignorar os grandes e consolar os pequenos.
Não vim para construir minha própria riqueza
Nem para destruir a riqueza dos outros.
Vim para reprimir o choro formidável
Que as gerações anteriores me transmitiram.
Vim para experimentar dúvidas e contradições.
Vim para sofrer as influências do tempo
E para afirmar o princípio eterno de onde vim.
Vim para distribuir inspiração às musas.
Vim para anunciar que a voz dos homens
Abafará a voz da sirene e da máquina,
E que a palavra essencial de Jesus Cristo
Dominará as palavras do patrão e do operário.
Vim para conhecer Deus meu criador, pouco a pouco,
Pois se O visse de repente, sem preparo, morreria."
Murilo Mendes (1901-1975)
Poeta brasileiro; morreu em Lisboa.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
humanidade
Mário Zambujal a propósito do seu novo livro, cuja acção se passa no futuro:
"Daqui a 35 anos, muitas coisas serão diferentes. Mas o que muda são os objectos. Os seres humanos continuam a ser os mesmos, com paixões, tropelias, triângulos amorosos...
(...)
Os adereços e os cenários hão-de mudar, mas as paixões serão semelhantes às do século XII, quando já havia encontros de amor - apenas não se marcavam por telemóvel."
Entrevista em Visão, nº 874, pp.130-138
(sempre digo aos meus alunos: com técnicas e tecnologias diferentes, com cenários muito diversos, o que faz nos faz bater o coração mais depressa - o que nos inquieta e nos aquieta também - tem sempre a mesma natureza, porque está de acordo com a nossa natureza humana. E essa não muda muito; com tudo o que esta constatação tem de maravilhoso e de terrível.)
"Daqui a 35 anos, muitas coisas serão diferentes. Mas o que muda são os objectos. Os seres humanos continuam a ser os mesmos, com paixões, tropelias, triângulos amorosos...
(...)
Os adereços e os cenários hão-de mudar, mas as paixões serão semelhantes às do século XII, quando já havia encontros de amor - apenas não se marcavam por telemóvel."
Entrevista em Visão, nº 874, pp.130-138
(sempre digo aos meus alunos: com técnicas e tecnologias diferentes, com cenários muito diversos, o que faz nos faz bater o coração mais depressa - o que nos inquieta e nos aquieta também - tem sempre a mesma natureza, porque está de acordo com a nossa natureza humana. E essa não muda muito; com tudo o que esta constatação tem de maravilhoso e de terrível.)
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É Noite
"(...)
E toda a minha pobre humanidade
Se deseja aquecer à intimidade
Duma lareira de carinho brando..."
Miguel Torga, Visita
(versão integral no comentário gentilmente colocado ao post anterior)
E toda a minha pobre humanidade
Se deseja aquecer à intimidade
Duma lareira de carinho brando..."
Miguel Torga, Visita
(versão integral no comentário gentilmente colocado ao post anterior)
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Era incapaz de escrever num país com neve!
O Sol da manhã e a vontade do feriado recolocaram-me na rota da escrita.
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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
domingo, 6 de dezembro de 2009
Alma até Almada!
"Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam, não duro nem para metade da livraria. Deve haver certamente outras maneira de se salvar uma pessoa, senão estarei perdido."
Frase que já tinha ouvido como atribuída a Almada Negreiros e que, procurando, colhi na Biografia de Almada Negreiros publicada em Vidas Lusófonas.pt, da autoria de Cristina Vaz
Frase que já tinha ouvido como atribuída a Almada Negreiros e que, procurando, colhi na Biografia de Almada Negreiros publicada em Vidas Lusófonas.pt, da autoria de Cristina Vaz
Presépio de Lisboa
Ouvi há pouco na rádio que um grupo de leigos (que eu nunca percebo muito bem o que quer dizer quando se fala de iniciativas da Igreja Católica) resolveu realizar um conjunto de iniciativas relacionadas com o Presépio, para restaurar o verdadeiro espírito de Natal que tem estado muito ausente por aí. Falava-se sobretudo na figura do Menino Jesus e na simbologia das celebrações.
E eu acho muito bem!
Eu não sou fundamentalista, mas, convenhamos, pouco do que se vê por aí tem a ver com o «espírito do Natal».
É uma desbunda completa com a figura do Pai Natal, que aparece de férias, a lançar anões...de fato de banho...a rena alentejana...
Enfim!
E a lingerie com motivos natalícios?
Pronto, eu não sou fundamentalista, mas um bocadinho de contenção numa celebração que deveria estar associada a um presépio, a valores morais religiosos...se calhar, estamos a precisar que alguém diga por onde é que isto começou, porque onde é que isto vai acabar...é impossível de prever.
(já pareço aquele presidente de câmara algarvio, que não deixava que houvesse um serviço de massagens na praia, porque "todos sabemos como uma massagem começa, mas não podemos saber como é que ela vai acabar")
Citando a imortal figura do Diácono Remédios, em relação a muito do que se vê pelas montras e outras publicidades associadas ao Natal: «Não havia necessidade...»
E eu acho muito bem!
Eu não sou fundamentalista, mas, convenhamos, pouco do que se vê por aí tem a ver com o «espírito do Natal».
É uma desbunda completa com a figura do Pai Natal, que aparece de férias, a lançar anões...de fato de banho...a rena alentejana...
Enfim!
E a lingerie com motivos natalícios?
Pronto, eu não sou fundamentalista, mas um bocadinho de contenção numa celebração que deveria estar associada a um presépio, a valores morais religiosos...se calhar, estamos a precisar que alguém diga por onde é que isto começou, porque onde é que isto vai acabar...é impossível de prever.
(já pareço aquele presidente de câmara algarvio, que não deixava que houvesse um serviço de massagens na praia, porque "todos sabemos como uma massagem começa, mas não podemos saber como é que ela vai acabar")
Citando a imortal figura do Diácono Remédios, em relação a muito do que se vê pelas montras e outras publicidades associadas ao Natal: «Não havia necessidade...»
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sábado, 5 de dezembro de 2009
Amores Perfeitos

O nome científico é «viola tricolor».
Tem flores grandes, de várias cores e arredondadas.
(azul, vermelho, violeta, branco, amarelo, etc)
Quanto à luz: sol, meia sombra ou sombra.
Podem ser comestíveis, mas são facilmente destruídos por lesmas, caracois e fungos.
Têm grandes propriedades medicinais, designadamente, "abscessos, acnes, conjuntivites, dermatites, eczemas, erupções na pele, faringites, irritações nos olhos, inflamações da garganta, reumatismo, rugas na região dos olhos, sarampo, seborréia do couro cabeludo, secreções pulmonares, tosse".
informações colhidas em Jardicentro online
Como se prova, os amores perfeitos fazem bem a muita coisa, mas são perenes e dão uma trabalheira - têm de ser cultivados todos os anos, não são lá muito precisos quanto à luz (parece-me mesmo que serão um pouco inconstantes e difíceis de contentar...convenhamos...o que é meia-sombra?), são frágeis e estão associados a violas, talvez as usadas na «canção do bandido» ou em serenatas ao luar.
Raros e caprichosos, os amores perfeitos...mas inevitavelmente, mais tarde ou mais cedo, todos acabamos por tropeçar num...que nos estraga a vida toda, porque nunca mais encontramos outro assim.
Vamos navegando, que os nenúfares também são jeitosinhos!
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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
"Navegar é preciso; Viver não é preciso", porque para viver não existem sistemas GPS
Como se consegue conciliar o «olho por olho, dente por dente» com a oferta da outra face, no mesmo livro de orientação teórica e metodológica para a vida?
A Bíblia devia ter um aviso, no início, da género:
«A coordenação desta publicação não se responsabiliza pelas opiniões expressas, que são da única e exclusiva responsabilidade dos autores de cada artigo.»
É muito difícil reger a vida por um livro que não prima pela coerência.
Se optarmos pela orientação da moral laica - que parte dos valores cristãos para se firmar no asséptico «politicamente correcto» - tropeçamos frequentemente na hipocrisia social e em todo o tipo de incorrecções mascaradas de civismo «para inglês ver» (ou melhor, e para não afirmar qualquer país, «para uma comunidade internacional e absolutamente plural ver»).
Se quer no plano da imanência quer no da transcendência não existem caminhos claros...estaremos condenados a viver sempre errados? Porque afinal a Verdade é sempre só a nossa verdade...e a Razão é sempre só a nossa razão...Como nos relacionamos com os outros, então?
Felizmente existem o céu, o mar e a música, de que podemos beneficiar sozinhos, sem dar explicações, sem dividir espaços, sem nos preocuparmos com mais nada, a não ser o momento de estar aqui e agora, com a caneta que obedece à nossa mão, com o som que nos faz ir descontraindo e com o ar, que nos entra pelas narinas, sem um plano prévio, sem regras estabelecidas, sem termos de pensar no certo e no errado...
Só estamos, somos, assim.
A Bíblia devia ter um aviso, no início, da género:
«A coordenação desta publicação não se responsabiliza pelas opiniões expressas, que são da única e exclusiva responsabilidade dos autores de cada artigo.»
É muito difícil reger a vida por um livro que não prima pela coerência.
Se optarmos pela orientação da moral laica - que parte dos valores cristãos para se firmar no asséptico «politicamente correcto» - tropeçamos frequentemente na hipocrisia social e em todo o tipo de incorrecções mascaradas de civismo «para inglês ver» (ou melhor, e para não afirmar qualquer país, «para uma comunidade internacional e absolutamente plural ver»).
Se quer no plano da imanência quer no da transcendência não existem caminhos claros...estaremos condenados a viver sempre errados? Porque afinal a Verdade é sempre só a nossa verdade...e a Razão é sempre só a nossa razão...Como nos relacionamos com os outros, então?
Felizmente existem o céu, o mar e a música, de que podemos beneficiar sozinhos, sem dar explicações, sem dividir espaços, sem nos preocuparmos com mais nada, a não ser o momento de estar aqui e agora, com a caneta que obedece à nossa mão, com o som que nos faz ir descontraindo e com o ar, que nos entra pelas narinas, sem um plano prévio, sem regras estabelecidas, sem termos de pensar no certo e no errado...
Só estamos, somos, assim.
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
"Chorei, chorei
Até ficar com dó de mim
E me tranquei no camarim
Tomei o calmante, o excitante
E um bocado de gim
Amaldiçoei
O dia em que te conheci
Com muitos brilhos me vesti
Depois me pintei, me pintei
Me pintei, me pintei
Cantei, cantei
Como é cruel cantar assim
E num instante de ilusão
Te vi pelo salão
A caçoar de mim
Não me troquei
Voltei correndo ao nosso lar
Voltei pra me certificar
Que tu nunca mais vais voltar
Vais voltar, vais voltar
Cantei, cantei
Nem sei como eu cantava assim
Só sei que todo o cabaré
Me aplaudiu de pé
Quando cheguei ao fim
Mas não bisei
Voltei correndo ao nosso lar
Voltei pra me certificar
Que nunca mais vais voltar
Vais voltar, vais voltar
Cantei, cantei
Jamais cantei tão lindo assim
E os homens lá pedindo bis
Bêbados e febris
A se rasgar por mim
Chorei, chorei
Até ficar com dó de mim..."
Chico Buarque, Bastidores
E me tranquei no camarim
Tomei o calmante, o excitante
E um bocado de gim
Amaldiçoei
O dia em que te conheci
Com muitos brilhos me vesti
Depois me pintei, me pintei
Me pintei, me pintei
Cantei, cantei
Como é cruel cantar assim
E num instante de ilusão
Te vi pelo salão
A caçoar de mim
Não me troquei
Voltei correndo ao nosso lar
Voltei pra me certificar
Que tu nunca mais vais voltar
Vais voltar, vais voltar
Cantei, cantei
Nem sei como eu cantava assim
Só sei que todo o cabaré
Me aplaudiu de pé
Quando cheguei ao fim
Mas não bisei
Voltei correndo ao nosso lar
Voltei pra me certificar
Que nunca mais vais voltar
Vais voltar, vais voltar
Cantei, cantei
Jamais cantei tão lindo assim
E os homens lá pedindo bis
Bêbados e febris
A se rasgar por mim
Chorei, chorei
Até ficar com dó de mim..."
Chico Buarque, Bastidores
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Feriado da Restauração
Em dia de comemoração da Restauração da Independência, face ao domínio espanhol - que não foi nunca uma perda de independência, pois manteve-se a separação dos reinos, conforme jurado por Filipe I - parece-me bem recordar uma frase de meu pai, que sempre só ouvi através da narração e minha mãe:
"Se um dia eu morrer, podes casar outra vez. Acho que não me importo...mas, por favor, por favor, não cases nem com um polícia nem com um espanhol."
(Informo que a minha mãe respeitou este pedido do meu pai).
E eu fui criada, ouvindo esta frase, que me acirrou um certo sentimento anti-espanhois, que vejo agora muito contestado pelos meus pares.
Posso rever a questão...um dia. Reconheço até que não é politicamente correcta, que vive de estereótipos e de mitos ultrapassados, mas...o blogue é meu, por aqui posso ir mantendo este sentimento, embora também as dúvidas que me vai suscitando...
Mas hoje pus-me a pensar nesta frase e na forma como ela revela um pensamento de alguém que viveu no Estado Novo: sentimento patriótico, alicerçado numa independência feita contra Espanha e a raiva contra a polícia, omnipresente e castradora.
Muitos contestam a lógica actual desta comemoração, mas poucos admitem a ideia de anular a existência de um feriado.
«Palavras para quê? São artistas portugueses»: Viva o Feriado, seja qual for o motivo!
"Se um dia eu morrer, podes casar outra vez. Acho que não me importo...mas, por favor, por favor, não cases nem com um polícia nem com um espanhol."
(Informo que a minha mãe respeitou este pedido do meu pai).
E eu fui criada, ouvindo esta frase, que me acirrou um certo sentimento anti-espanhois, que vejo agora muito contestado pelos meus pares.
Posso rever a questão...um dia. Reconheço até que não é politicamente correcta, que vive de estereótipos e de mitos ultrapassados, mas...o blogue é meu, por aqui posso ir mantendo este sentimento, embora também as dúvidas que me vai suscitando...
Mas hoje pus-me a pensar nesta frase e na forma como ela revela um pensamento de alguém que viveu no Estado Novo: sentimento patriótico, alicerçado numa independência feita contra Espanha e a raiva contra a polícia, omnipresente e castradora.
Muitos contestam a lógica actual desta comemoração, mas poucos admitem a ideia de anular a existência de um feriado.
«Palavras para quê? São artistas portugueses»: Viva o Feriado, seja qual for o motivo!
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segunda-feira, 30 de novembro de 2009
«Mea Culpa»
"O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica."
Norman Vincent Peale
colhido em Cives et Polis
Norman Vincent Peale
colhido em Cives et Polis
domingo, 29 de novembro de 2009
sábado, 28 de novembro de 2009
Aviso à Navegação Neste Blogue
Apesar da existência (saudada) de novos comentadores, a ausência dos anteriores não deixa de ser sentida com pesar.
Agradecemos a vossa compreensão.
Agradecemos a vossa compreensão.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
"E fazia o quê, se fosse mesmo ele?"
"- Boa tarde. Eu sou a Escrivaninha, salvo seja.
O homem, grisalho, levantou os olhos do livro de poesia estrangeira que folheava e olhou (entre o receoso e o interrogativo) para mim.
- Desculpe, confundi-o com outra pessoa...
Estuguei o passo até à escada rolante.
Creio que não respirei até me encontrar na rua, até sentir o frio do Chiado, onde o sol desmaiava.
Só então ousei fazer-me a pergunta..."
O homem, grisalho, levantou os olhos do livro de poesia estrangeira que folheava e olhou (entre o receoso e o interrogativo) para mim.
- Desculpe, confundi-o com outra pessoa...
Estuguei o passo até à escada rolante.
Creio que não respirei até me encontrar na rua, até sentir o frio do Chiado, onde o sol desmaiava.
Só então ousei fazer-me a pergunta..."
A primeira vez que li o Jornal Metro
Não resisto a citar um pouquinho de um texto, muito bem escrito, alinhadinho numa coluna discreta ao lado direito, ao fundo de uma página.
"De que cor é o Bolero de Ravel, ao ritmo de chapadas, gritaria, chutos, pontapés e todo o tipo de agressões?"
Paulo Anes, sobre a Violência Doméstica, no texto Casais Ventosos, 26/11/09
"De que cor é o Bolero de Ravel, ao ritmo de chapadas, gritaria, chutos, pontapés e todo o tipo de agressões?"
Paulo Anes, sobre a Violência Doméstica, no texto Casais Ventosos, 26/11/09
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quarta-feira, 25 de novembro de 2009
O que é racional, se calhar não é bom...
"O homem não sabe mais que os outros animais; sabe menos.
Eles sabem o que precisam saber. Nós não."
Fernando Pessoa
Eles sabem o que precisam saber. Nós não."
Fernando Pessoa
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Fintar a morte...
"A escrita é a fixação gráfica do pensamento, da palavra, forma de linguagem silenciosa e solitária, arma imbatível da memória de povos e do ser humano contra o esquecimento. A escrita não exige a presença material dos participantes no acto da comunicação, que se estabelece à distância entre quem escreve e quem lê e se mantém através dos tempos, ignorando quaisquer limites temporais. À efemeridade da comunicação oral opõe a escrita a sua perdurabilidade intrínseca. Cada vez que alguém a lê, a palavra escrira, "ressuscita" aquele que a escreveu, no momento em que a escreveu (...)"
Maria Alice Vila Fabião, O Tempo e as Palavras, Revista Tempo Livre (Inatel), nº 209, Novembro de 2009
Maria Alice Vila Fabião, O Tempo e as Palavras, Revista Tempo Livre (Inatel), nº 209, Novembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
«Professor», definido por Jô Soares
"O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia".
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um "Adesivo".
Precisa faltar, é um "turista".
Conversa com os outros professores, está "malhando" nos alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não se sabe impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as hipóteses do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala correctamente, ninguém entende.
Fala a "língua" do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é retido, é perseguição.
O aluno é aprovado, deitou "água-benta".
É! O professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui,
agradeça a ele."
(Recebido por e-mail. Obrigada SG - quase apetece dizer Gigante...)
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia".
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um "Adesivo".
Precisa faltar, é um "turista".
Conversa com os outros professores, está "malhando" nos alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não se sabe impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as hipóteses do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala correctamente, ninguém entende.
Fala a "língua" do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é retido, é perseguição.
O aluno é aprovado, deitou "água-benta".
É! O professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui,
agradeça a ele."
(Recebido por e-mail. Obrigada SG - quase apetece dizer Gigante...)
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sábado, 21 de novembro de 2009
Escrevinhando-me assim
É curioso como nos contradizemos a nós mesmos nas nossas acções do quotidiano...
Hoje, ao ouvir a chuva que caía ritmada, depois do «caseiro pensamento» - "Bolas! Para que é que pus ontem a máquina a lavar? Não vou poder secar nada hoje... - pensei: "Credo! Será que eu vou conseguir sair com tanta chuva? Em casa é que eu não fico..."
De imediato, acusei-me de falta de coerência: "- Pois! Se fosse num dia de trabalho dirias: «Que chatice ter de ir trabalhar! Num dia como hoje o ideal era não sair de casa o dia todo!»"
Fiz uma careta a mim mesma e virei-me as costas, levantando-me da cama.
Alguma coisa se havia de arranjar: café, uma comprinha de supermercado, a pretexto de recolher a gatinha siamesa que lambia o pêlo cada vez mais molhado, toquei à porta da vizinha que ontem viu partir o companheiro de cerca de 50 anos e lá falámos um pouquinho, disfarçando as lágrimas o melhor que podíamos. A viuvez sempre me deixa assim: por me lembrar da minha mãe, da minha avó, de alguns amigos e amigas, da incompreensão da solidão que marca o fim de muitas vidas...da saudade-tristeza que enche os olhos de muitos dos nossos idosos, sem esperança.
Subir a escada, sacudir as gotas de chuva, despir a roupa molhada.
Enfiar-me naquelas calças de fato de treino antiquadas, com pêlo por dentro, que marcam o conforto até às pantufas, lembrando o tempo em que as casas não tinham ar condicionado, nem aquecimentos centrais...tínhamos frio no Inverno - essa era a principal marca da estação!
Olhar em volta: as gavetas a pedir arrumação, uma pilha de livros para decidir o destino, as publicações que chegaram pelo correio ainda envoltas em plástico...
"Está um dia bom para este tipo de coisas...- murmuro"
"Como se houvesse dias bons para estas chatices - resmungo - para as inutilidades que se dispensariam se tivéssemos o dom daquela feiticeira que realizava tudo só por torcer o nariz..."
Troço de mim mesma e das fantasias cinéfilas que me preenchem a vida.
E, sem dar por isso, refugio-me na imagem de um escritor sentado numa poltrona vitoriana, soltando baforadas de fumo do seu cachimbo, que coincidem com os laivos de inspiração que alinha no papel branco, sem linhas, numa letra miudinha e certa, impecável...prenúncio de um bom romance.
De repente sou um Shakespeare ou um Sherlock Holmes ou um Sh qualquer, prefixo de genialidade com sotaque britânico...
Por fim concluo que o trabalho não se fará sozinho e, com fantasias literárias ou não, estou condenada a passar o sábado a trabalhar, ao som da chuva, na minha cela decorada a gosto, sentindo o aconchego da roupa de Inverno e o cheiro da erva-doce a anunciar que as castanhas estão cozidas.
Hoje, ao ouvir a chuva que caía ritmada, depois do «caseiro pensamento» - "Bolas! Para que é que pus ontem a máquina a lavar? Não vou poder secar nada hoje... - pensei: "Credo! Será que eu vou conseguir sair com tanta chuva? Em casa é que eu não fico..."
De imediato, acusei-me de falta de coerência: "- Pois! Se fosse num dia de trabalho dirias: «Que chatice ter de ir trabalhar! Num dia como hoje o ideal era não sair de casa o dia todo!»"
Fiz uma careta a mim mesma e virei-me as costas, levantando-me da cama.
Alguma coisa se havia de arranjar: café, uma comprinha de supermercado, a pretexto de recolher a gatinha siamesa que lambia o pêlo cada vez mais molhado, toquei à porta da vizinha que ontem viu partir o companheiro de cerca de 50 anos e lá falámos um pouquinho, disfarçando as lágrimas o melhor que podíamos. A viuvez sempre me deixa assim: por me lembrar da minha mãe, da minha avó, de alguns amigos e amigas, da incompreensão da solidão que marca o fim de muitas vidas...da saudade-tristeza que enche os olhos de muitos dos nossos idosos, sem esperança.
Subir a escada, sacudir as gotas de chuva, despir a roupa molhada.
Enfiar-me naquelas calças de fato de treino antiquadas, com pêlo por dentro, que marcam o conforto até às pantufas, lembrando o tempo em que as casas não tinham ar condicionado, nem aquecimentos centrais...tínhamos frio no Inverno - essa era a principal marca da estação!
Olhar em volta: as gavetas a pedir arrumação, uma pilha de livros para decidir o destino, as publicações que chegaram pelo correio ainda envoltas em plástico...
"Está um dia bom para este tipo de coisas...- murmuro"
"Como se houvesse dias bons para estas chatices - resmungo - para as inutilidades que se dispensariam se tivéssemos o dom daquela feiticeira que realizava tudo só por torcer o nariz..."
Troço de mim mesma e das fantasias cinéfilas que me preenchem a vida.
E, sem dar por isso, refugio-me na imagem de um escritor sentado numa poltrona vitoriana, soltando baforadas de fumo do seu cachimbo, que coincidem com os laivos de inspiração que alinha no papel branco, sem linhas, numa letra miudinha e certa, impecável...prenúncio de um bom romance.
De repente sou um Shakespeare ou um Sherlock Holmes ou um Sh qualquer, prefixo de genialidade com sotaque britânico...
Por fim concluo que o trabalho não se fará sozinho e, com fantasias literárias ou não, estou condenada a passar o sábado a trabalhar, ao som da chuva, na minha cela decorada a gosto, sentindo o aconchego da roupa de Inverno e o cheiro da erva-doce a anunciar que as castanhas estão cozidas.
Integração
De manhã, participei num funeral;
à noite estive numa festa de aniversário.
Não tive dúvidas que pertenço, de facto, a esta comunidade.
à noite estive numa festa de aniversário.
Não tive dúvidas que pertenço, de facto, a esta comunidade.
E
lá foi vencida mais uma etapa da minha empreitada!
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terça-feira, 17 de novembro de 2009
Precisa de um serviço que não falha?...
ao CENTRO NOVAS OPORTUNIDADES da respectiva área de residência
e adquirir novas competências.
Saiba como terminar este feitiço!
(Créditos fotográficos: A foto foi tirada pela P.P., as perninhas são da M. O uso da foto foi devidamente autorizado por todos, menos pelo sapo, que já não consegui encontrar, talvez porque tenha sido engolido num dos últimos actos eleitorais...)
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domingo, 15 de novembro de 2009
Uma Escrivaninha na Capital do Móvel
Por dever de profissão estive este fim de semana em Paços de Ferreira e senti-me...no berço (que também é peça de mobília e também de madeira). Pois, de facto, Paços de Ferreira está para uma Escrivaninha como Guimarães para qualquer português.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Júlio Pereira está no Jornal 2
Dá um concerto amanhã no CCB.
Que delícia ouvi-lo falar outra vez. Tão ele!...
Não me tinha apercebido que tinha tantas saudades dele!...E com ele de tantas coisas que vivi na adolescência, concertos, músicas, vivências, tão...
Só a descontração tão dele - tão daquele tempo - de responder às perguntas: "Porque tu sentes a pressão dos amigos e familiares..." Não sei explicar...Foi aquele "tu sabes...", tão arredores de Lisboa no pós-25 de Abril.
(Pós mesmo pós, porque no pós continuamos, mas a poeira foi baixando e já se notam poucos pós daquele tempo).
Querido Júlio Pereira!
Que delícia ouvi-lo falar outra vez. Tão ele!...
Não me tinha apercebido que tinha tantas saudades dele!...E com ele de tantas coisas que vivi na adolescência, concertos, músicas, vivências, tão...
Só a descontração tão dele - tão daquele tempo - de responder às perguntas: "Porque tu sentes a pressão dos amigos e familiares..." Não sei explicar...Foi aquele "tu sabes...", tão arredores de Lisboa no pós-25 de Abril.
(Pós mesmo pós, porque no pós continuamos, mas a poeira foi baixando e já se notam poucos pós daquele tempo).
Querido Júlio Pereira!
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Invernias e Miopias
Vejam lá o que faz o Inverno...e as Saudades...
Ao olhar para esta foto que o josé luis tinha no seu blog, a preto e branco, só me veio à lembrança as «filhoses de forma» que a minha avó fazia no Natal!
A foto é dos jardins da Gulbenkian, mas, como diz o Gedeão, na sua Impressão Digital: «Vê moinhos? São moinhos. Vê gigantes? São gigantes.» Certamente terá um paralelo em «Vê filhoses? São filhoses!»
Obrigada josé luis, pelo envio da foto a cores e pela paciência para estas "invernias e miopias".
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Ministra recebeu os sindicalistas com dois beijinhos
é um dos subtítulos da notícia de página dupla do DN sobre as negociações na Educação.
Faço ideia da cara da Milú perante esta promiscuidade.
E a Gripe A? Não será uma inconsciência expôr-se a apanhar uma gripe vinda das bases do ensino ou a infectar os representantes dos professores?..
Hum! Aqui há marosca!
«Tão amigos que nós éramos...»
(isto para não questionar o tipo de jornalismo que «destaca» os beijinhos da Ministra...)
Faço ideia da cara da Milú perante esta promiscuidade.
E a Gripe A? Não será uma inconsciência expôr-se a apanhar uma gripe vinda das bases do ensino ou a infectar os representantes dos professores?..
Hum! Aqui há marosca!
«Tão amigos que nós éramos...»
(isto para não questionar o tipo de jornalismo que «destaca» os beijinhos da Ministra...)
"Precisamos que os professores invistam o seu esforço na sala de aula."
disse a Ministra da Educação
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Wegue! Wegue!
http://www.youtube.com/watch?v=ZgyLfBMOoEQ
Eh, pá! Pois será publicidade ao Modelo, será...será apelo ao consumismo, sei lá...mas numa época em que os ícones da moda «enformam as criancinhas» com flausinas como a Barbie...é tão refrescante ver a Popota.
Viva a Popota!
(mesmo que seja um estratagema para as menos «Barbies» desenbolsarem a massa nos brinquedos, encantadas com a hipopótama sexy). Assumo perfeitamente esse papel.
Eh, pá! Pois será publicidade ao Modelo, será...será apelo ao consumismo, sei lá...mas numa época em que os ícones da moda «enformam as criancinhas» com flausinas como a Barbie...é tão refrescante ver a Popota.
Viva a Popota!
(mesmo que seja um estratagema para as menos «Barbies» desenbolsarem a massa nos brinquedos, encantadas com a hipopótama sexy). Assumo perfeitamente esse papel.
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segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Mensagem da Popota para o Tony Carreira
domingo, 8 de novembro de 2009
Um Dia de Domingo
"(...)Já não dá mais prá viver
Um sentimento sem sentido
Eu preciso descobrir
A emoção de estar contigo...
Ver o sol amanhecer
E ver a vida acontecer
Como um dia de domingo...(...)"
Gal Costa
Um sentimento sem sentido
Eu preciso descobrir
A emoção de estar contigo...
Ver o sol amanhecer
E ver a vida acontecer
Como um dia de domingo...(...)"
Gal Costa
sábado, 7 de novembro de 2009
Perplexidade
Se existem, nos supermercados, produtos próprios para os que são intolerantes a diversas substâncias - como o glúten ou a lactose - porque é que não existem nos locais de trabalho, chefias próprias para os que são intolerantes à estupidez e à prepotência?
Porque Hoje é Sábado
"(...)
Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens, ó Sexto Dia da Criação.
(...)
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
(...)
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo
(...)
Porque era sábado."
O Dia da Criação, Vinicius de Moraes
Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens, ó Sexto Dia da Criação.
(...)
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
(...)
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo
(...)
Porque era sábado."
O Dia da Criação, Vinicius de Moraes
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quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Resistência
"(...)
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
(...)
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
(...)
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!"
José Régio, Cântico Negro
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
(...)
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
(...)
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!"
José Régio, Cântico Negro
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quarta-feira, 4 de novembro de 2009
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Morreu Claude Lévy-Strauss
Fundador da Antropologia Estruturalista, Lévy-Strauss era o único membro centenário da Academia Francesa - nasceu em 1908 e morreu em 2009.
Lévy-Strauss é um nome que eu tenho por referência desde o Liceu.
Numa época em que não havia «estudo acompanhado», eu estudei sozinha o Livro Raça e História de Claude Lévy-Strauss. Bem...sozinha, não. Foi a professora de Antropologia que me despertou o interesse pelo tema; pelo tema da Antropologia em geral, pelo autor em especial.
É muito bom, hoje, poder recordar uma boa professora, pois, atacados como estão os professores actualmente, parece que não haveria dos bons. Eu tive. Alguns foram de uma importância extraordinária na minha vida. Por vezes, na altura, não dei grande importância ao que alguns disseram, mas hoje reconheço como foi fundamental, como se reflecte na minha personalidade e na minha profissão.
O gosto pelo francês e por tudo o que diz respeito à cultura francesa também deve ter vindo do Liceu e depois foi muito aprofundada na Universidade, com muitos professores formados na Sorbonne.Eram os ecos do Maio de 68, quase 20 anos depois, nos corredores e nas bibliografias da Faculdade de Letras!
A Lévy-Strauss, nas minhas leituras, juntou-se André Leroi-Gourhan- que eu sempre confundo, talvez pelo som, pela grafia, pela afinidade de alguns temas antropológicos - que estudei nas aulas de Pré-História, na análise das gravuras rupestres.
A morte de Lévy-Strauss trouxe-me os ecos de épocas povoadas pelo prazer de aprender, pela descoberta e pela investigação, que foi tão bom recordar agora quando sinto a minha competência posta em causa por sistemas de avaliação burocratizados, pelo preenchimento de muitos e muitos formulários que procuram esmiúçar em múltiplos itens as trocas todas que se dão num grupo de aprendizagem.
Foi bom, muito bom, recordar o tempo em que eu estudava porque queria aprender; mais tarde em que eu aprendia porque queria ensinar e em que eu ensinava porque queria nunca parar de aprender...
Saudades da Liberdade de Aprender! Com pensadores como Lévy-Strauss; que nos deixou agora, mas ficará sempre na sua obra.
Lévy-Strauss é um nome que eu tenho por referência desde o Liceu.
Numa época em que não havia «estudo acompanhado», eu estudei sozinha o Livro Raça e História de Claude Lévy-Strauss. Bem...sozinha, não. Foi a professora de Antropologia que me despertou o interesse pelo tema; pelo tema da Antropologia em geral, pelo autor em especial.
É muito bom, hoje, poder recordar uma boa professora, pois, atacados como estão os professores actualmente, parece que não haveria dos bons. Eu tive. Alguns foram de uma importância extraordinária na minha vida. Por vezes, na altura, não dei grande importância ao que alguns disseram, mas hoje reconheço como foi fundamental, como se reflecte na minha personalidade e na minha profissão.
O gosto pelo francês e por tudo o que diz respeito à cultura francesa também deve ter vindo do Liceu e depois foi muito aprofundada na Universidade, com muitos professores formados na Sorbonne.Eram os ecos do Maio de 68, quase 20 anos depois, nos corredores e nas bibliografias da Faculdade de Letras!
A Lévy-Strauss, nas minhas leituras, juntou-se André Leroi-Gourhan- que eu sempre confundo, talvez pelo som, pela grafia, pela afinidade de alguns temas antropológicos - que estudei nas aulas de Pré-História, na análise das gravuras rupestres.
A morte de Lévy-Strauss trouxe-me os ecos de épocas povoadas pelo prazer de aprender, pela descoberta e pela investigação, que foi tão bom recordar agora quando sinto a minha competência posta em causa por sistemas de avaliação burocratizados, pelo preenchimento de muitos e muitos formulários que procuram esmiúçar em múltiplos itens as trocas todas que se dão num grupo de aprendizagem.
Foi bom, muito bom, recordar o tempo em que eu estudava porque queria aprender; mais tarde em que eu aprendia porque queria ensinar e em que eu ensinava porque queria nunca parar de aprender...
Saudades da Liberdade de Aprender! Com pensadores como Lévy-Strauss; que nos deixou agora, mas ficará sempre na sua obra.
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segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Como Dois Pagãos...
"(...)
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato ainda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
(...)"
Eu Te Amo!;Tom Jobim/Chico Buarque, 1980
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato ainda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
(...)"
Eu Te Amo!;Tom Jobim/Chico Buarque, 1980
domingo, 1 de novembro de 2009
Um Doce e uma Traquinice
Pensamento para um domingo chuvoso:
«Os Chocolates são Nossos Amigos»
«Os Chocolates são Nossos Amigos»
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De Santos e Bruxas
Eu fui comprar os doces para dar aos meninos amanhã, que a minha tradição é a portuguesa e enjeito firmente a «bruxinhoquice americana» que invadiu a minha escola.
Mas, se calhar, andam mesmo as bruxas à solta esta noite, porque, só por magia, se pode explicar aquela vontade grande, grande, que eu tive de comer hoje os doces que eram para os meninos amanhã...
(ainda sobraram muitos!)
Mas, se calhar, andam mesmo as bruxas à solta esta noite, porque, só por magia, se pode explicar aquela vontade grande, grande, que eu tive de comer hoje os doces que eram para os meninos amanhã...
(ainda sobraram muitos!)
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sábado, 31 de outubro de 2009
O Palmo como medida de qualidade de vida
«Ela empregou-se logo muito bem porque tem um palminho de cara...e fez uso dele...foi a sorte dela.»
«Os homens não se medem aos palmos.»
«Se ele tivesse dois palmos de testa teria aproveitado as oportunidades que já teve, mas assim...»
- Ora, o palmo depende do tamanho da mão, certo? Como fazem as pessoas que têm a mão mais pequena?
- Se calhar vivem pior...ou então...pedem a mão de alguém!
- Achas? Antigamente havia essa expressão...que eu não sabia bem pra que era..."Pedir a mão..."Seria para melhorar de vida?
«Os homens não se medem aos palmos.»
«Se ele tivesse dois palmos de testa teria aproveitado as oportunidades que já teve, mas assim...»
- Ora, o palmo depende do tamanho da mão, certo? Como fazem as pessoas que têm a mão mais pequena?
- Se calhar vivem pior...ou então...pedem a mão de alguém!
- Achas? Antigamente havia essa expressão...que eu não sabia bem pra que era..."Pedir a mão..."Seria para melhorar de vida?
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Os Mortos e as Culpas que nos Habitam
Qualquer comentário seria uma traição à grandeza da conversa entre estes dois Homens.
«Rigorosamente a não perder!»
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quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Foi hoje empossado um Secretário de Estado de apelido "Zurrinho"
comprovando-se assim a moderação do discurso do Governo, nesta legislatura.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
"Um vintém é um vintém e um cretino é um cretino"
Foram estas as palavras que saíram do aparelho de rádio, quando a ordem de despertar dada na véspera o fez accionar o som.
Abri os olhos intrigada: que estranhas palavras...
Afinal era uma polémica qualquer de treinadores de futebol, assunto que sempre me entedia e logo me desinteressa, a ponto de deixar de ouvir o que se diz.
De qualquer maneira, registo aqui, que há muito não ouvia palavras destas - vintém, é de outros tempos, cretino é intemporal, mas, embora se frequente bastante, a expressão é escassamente usada.
Abri os olhos intrigada: que estranhas palavras...
Afinal era uma polémica qualquer de treinadores de futebol, assunto que sempre me entedia e logo me desinteressa, a ponto de deixar de ouvir o que se diz.
De qualquer maneira, registo aqui, que há muito não ouvia palavras destas - vintém, é de outros tempos, cretino é intemporal, mas, embora se frequente bastante, a expressão é escassamente usada.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Diferença de Conceitos ou só de Palavras?

Lá estávamos nós a analisar esmiuçadamente mais umas caricaturas para compreender o ambiente dos séc. XVIII e XIX, quando me dou conta de uma discussão entre duas garotas que deveriam estar a fazer o trabalho de forma colaborativa.
Afinal a discussão era porque uma delas insistia que também se poderia chamar «cartoon» àquele tipo de desenho e a outra dizia que não.
Pois eu achei que sim, e que a diferença era de uma palavra importada para um género de crítica que nós já usávamos há muito tempo.
Assunto encerrado.
Mas, agora, aqui em casa, lá fui procurando na net e, embora nunca apareçam como sinónimos, as duas expressões não me parecem diferir na definição: a mensagem, o desenho satírico, o exagero de certas características físicas de uma personagem...A palavra cartoon está mais associada ao desenho animado...talvez...mas não vejo grande diferença.
Se alguém me puder esclarecer melhor...
E já que era para «ilustrar os tema» não resisti a colocar a clássica Porca da Política, do Genial Bordalo Pinheiro.
Sem segundas intenções...só mesmo para ilustrar o tema.
domingo, 25 de outubro de 2009
Lembra-me um Sonho Lindo
"Lembra-me um sonho lindo
quase acabado,
lembra-me um céu aberto
outro fechado
Estala-me a veia em sangue
estrangulada,
estoira num peito um grito,
à desfilada
Canta rouxinol canta
não me dês penas,
cresce girassol cresce
entre açucenas
Afoga-me o corpo todo
se te pertenço,
rasga-me o vento ardendo
em fumos de incenso
Lembra-me um sonho lindo
quase acabado,
lembra-me um céu aberto
outro fechado
Estala-me a veia em sangue
estrangulada,
estoira num peito um grito,
à desfilada
Ai como eu te quero,
ai de madrugada,
ai alma da terra,
ai linda, assim deitada
Ai como eu te amo,
ai tão sossegada,
ai beijo-te o corpo,
ai seara, tão desejada"
Fausto, Por Este Rio Acima
Porque é que o Fausto, que eu conheci sempre só como tal, agora aparece anunciado nos concertos como Fausto Bordalo Dias? Será nome de casado?:-)
quase acabado,
lembra-me um céu aberto
outro fechado
Estala-me a veia em sangue
estrangulada,
estoira num peito um grito,
à desfilada
Canta rouxinol canta
não me dês penas,
cresce girassol cresce
entre açucenas
Afoga-me o corpo todo
se te pertenço,
rasga-me o vento ardendo
em fumos de incenso
Lembra-me um sonho lindo
quase acabado,
lembra-me um céu aberto
outro fechado
Estala-me a veia em sangue
estrangulada,
estoira num peito um grito,
à desfilada
Ai como eu te quero,
ai de madrugada,
ai alma da terra,
ai linda, assim deitada
Ai como eu te amo,
ai tão sossegada,
ai beijo-te o corpo,
ai seara, tão desejada"
Fausto, Por Este Rio Acima
Porque é que o Fausto, que eu conheci sempre só como tal, agora aparece anunciado nos concertos como Fausto Bordalo Dias? Será nome de casado?:-)
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sábado, 24 de outubro de 2009
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Marcas de um Dia Hospitalar
- o furinho da injecção na veia do braço esquerdo, mas essa vai passar depressa
- as imagens das caras com que olhávamos uns para os outros, na sala de espera, na esperança de que ficássemos de fora das estatísticas...se x em cada y pessoas têm doenças graves, será que podemos sentir pena do x porque estamos no y?...
Uma sala de espera - de longa espera - é sobretudo uma sala de pânico.
As boas vindas de quem está sentado são acompanhadas de um olhar prescrutador, interrogativo, apiedado:
Porque estará aqui? Qual a sua doença? Tem cara de quem está mal...Coitada...ainda é nova.
É também uma sala dada a considerações filosóficas...sobre o relativismo da vida: "Porque passamos tudo isto, por causa das doenças e, afinal...quem pode dizer que está bem? A semana passada duas amigas minhas, vinham do trabalho, despistaram-se...zás! esborracharam-se debaixo de um camião!"
Consternação geral. Acenos afirmativos. "A vida não vale nada"; "Estamos nas mãos de Deus..."
E eu tento ignorar. Abro uma revista feminina, cheia de promessas de juventude eterna - apaga as rugas, chupa a gordura, resolve os problemas de pernas pesadas, faz desaparecer as olheiras...
Mas chega uma idosa com dificuldades de locomoção. Discretamente levanto os olhos...e tenho pena. Lamento, lamento pelas dores daquela mulher que ainda estão longe para mim. E sinto-me com sorte por ser muito mais nova...Até encarar os olhos dela, com pena, e sentindo-se com sorte, porquie ela, ela é velha, mas quando era nova não estava numa sala de médico, de exames de diagnóstico. Não, quando ela era nova nem pensava em doenças, e eu, com idade para ser filha dela...
Não suporto a pena que povoa aquela sala. A pena que sustenta o medo, o medo de sermos nós o alvo da pena dos outros.
E lembro-me, com pena e saudade, de uma amiga que deveria ter feito anos hoje...
- as imagens das caras com que olhávamos uns para os outros, na sala de espera, na esperança de que ficássemos de fora das estatísticas...se x em cada y pessoas têm doenças graves, será que podemos sentir pena do x porque estamos no y?...
Uma sala de espera - de longa espera - é sobretudo uma sala de pânico.
As boas vindas de quem está sentado são acompanhadas de um olhar prescrutador, interrogativo, apiedado:
Porque estará aqui? Qual a sua doença? Tem cara de quem está mal...Coitada...ainda é nova.
É também uma sala dada a considerações filosóficas...sobre o relativismo da vida: "Porque passamos tudo isto, por causa das doenças e, afinal...quem pode dizer que está bem? A semana passada duas amigas minhas, vinham do trabalho, despistaram-se...zás! esborracharam-se debaixo de um camião!"
Consternação geral. Acenos afirmativos. "A vida não vale nada"; "Estamos nas mãos de Deus..."
E eu tento ignorar. Abro uma revista feminina, cheia de promessas de juventude eterna - apaga as rugas, chupa a gordura, resolve os problemas de pernas pesadas, faz desaparecer as olheiras...
Mas chega uma idosa com dificuldades de locomoção. Discretamente levanto os olhos...e tenho pena. Lamento, lamento pelas dores daquela mulher que ainda estão longe para mim. E sinto-me com sorte por ser muito mais nova...Até encarar os olhos dela, com pena, e sentindo-se com sorte, porquie ela, ela é velha, mas quando era nova não estava numa sala de médico, de exames de diagnóstico. Não, quando ela era nova nem pensava em doenças, e eu, com idade para ser filha dela...
Não suporto a pena que povoa aquela sala. A pena que sustenta o medo, o medo de sermos nós o alvo da pena dos outros.
E lembro-me, com pena e saudade, de uma amiga que deveria ter feito anos hoje...
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Ela e Ele
"Deixa eu dizer que te amo
Deixa eu pensar em você
Isso me acalma, me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver"
I Love You, Marisa Monte
"Tive sim... outro grande amor antes do teu, tive sim.
(...)
Tive sim, mas comparar com teu amor seria o fim...
E vou calar, pois não pretendo amor te magoar."
Tive Sim, letra de Cartola, cantada por Ney Matogrosso
Deixa eu pensar em você
Isso me acalma, me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver"
I Love You, Marisa Monte
"Tive sim... outro grande amor antes do teu, tive sim.
(...)
Tive sim, mas comparar com teu amor seria o fim...
E vou calar, pois não pretendo amor te magoar."
Tive Sim, letra de Cartola, cantada por Ney Matogrosso
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
A Fama que vem de longe
" (...)
Morra o Dantas, morra! Pim!
Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!
Morra o Dantas, morra! Pim!"
Manifesto Anti-Dantas, José de Almada Negreiros, Poeta d'Orpheu, Futurista e Tudo! 1915
http://triplov.com/almada_negreiros/anti_dantas.htm
(Para ouvir na inigualável interpretação de Mário Viegas de todo o Manifesto)
Morra o Dantas, morra! Pim!
Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!
Morra o Dantas, morra! Pim!"
Manifesto Anti-Dantas, José de Almada Negreiros, Poeta d'Orpheu, Futurista e Tudo! 1915
http://triplov.com/almada_negreiros/anti_dantas.htm
(Para ouvir na inigualável interpretação de Mário Viegas de todo o Manifesto)
Caminhos Possíveis
"1. se v. exa. me permite
eu gostaria de dizer o que penso.
2. em primeiro lugar
penso que v. exa. anda
no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio.
3. v. exa. dirá que eu estou afirmando
que v. exa. anda para trás.
(...)
10. com efeito, não creio que v. exa. ande para a frente
nem que v. exa. ande para trás,
não creio que v. exa. ande para cima
nem que v. exa. ande para baixo,
não creio que v. exa. ande para a direita
nem que v. exa. ande para a esquerda,
apenas suponho que v. exa. anda à roda de si mesmo,
no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio
e, ainda, de olhos fechados, para não enjoar.
(...)
12. de forma que a visão de v. exa. e dos restantes concidadãos
andando todos à roda de si mesmos, no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio,
de olhos fechados e cabelos cuidadosamente penteados
é um espectáculo alucinante,
que v. exa. infelizmente não pode apreciar, por ter os olhos vendados.
13. claro que v. exa. julga que só v. exa. faz o movimento que v. exa. faz,
e o mesmo julgam os restantes concidadãos,
pois todos se consideram uma excepção, um caso único, especial,
e no entanto todos formam uma regra, no seu movimento regular,
no seu círculo vicioso, à roda de si mesmos, no sentido oposto ao dos ponteiros de relógio,
de olhos fechados e cabelos cuidadosamente penteados."
Carta, Alberto Pimenta
eu gostaria de dizer o que penso.
2. em primeiro lugar
penso que v. exa. anda
no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio.
3. v. exa. dirá que eu estou afirmando
que v. exa. anda para trás.
(...)
10. com efeito, não creio que v. exa. ande para a frente
nem que v. exa. ande para trás,
não creio que v. exa. ande para cima
nem que v. exa. ande para baixo,
não creio que v. exa. ande para a direita
nem que v. exa. ande para a esquerda,
apenas suponho que v. exa. anda à roda de si mesmo,
no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio
e, ainda, de olhos fechados, para não enjoar.
(...)
12. de forma que a visão de v. exa. e dos restantes concidadãos
andando todos à roda de si mesmos, no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio,
de olhos fechados e cabelos cuidadosamente penteados
é um espectáculo alucinante,
que v. exa. infelizmente não pode apreciar, por ter os olhos vendados.
13. claro que v. exa. julga que só v. exa. faz o movimento que v. exa. faz,
e o mesmo julgam os restantes concidadãos,
pois todos se consideram uma excepção, um caso único, especial,
e no entanto todos formam uma regra, no seu movimento regular,
no seu círculo vicioso, à roda de si mesmos, no sentido oposto ao dos ponteiros de relógio,
de olhos fechados e cabelos cuidadosamente penteados."
Carta, Alberto Pimenta
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Tudo depende do nosso olhar...que às vezes fica turvo
"Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
Que eu vejo no mundo escolhos
Onde outros com outros olhos,
Não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
Uns outros descobrem cores
Do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
Onde passa tanta gente,
Uns vêem pedras pisadas,
Mas outros, gnomos e fadas
Num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
Querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes."
Impressão Digital, António Gedeão
E é com esses olhos uns
Que eu vejo no mundo escolhos
Onde outros com outros olhos,
Não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
Uns outros descobrem cores
Do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
Onde passa tanta gente,
Uns vêem pedras pisadas,
Mas outros, gnomos e fadas
Num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
Querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes."
Impressão Digital, António Gedeão
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Segunda-Feira
"Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar, o perdão
Apesar de você
amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
de "desinventar"
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
(...)
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
(...)"
Chico Buarque
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar, o perdão
Apesar de você
amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
de "desinventar"
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
(...)
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
(...)"
Chico Buarque
domingo, 18 de outubro de 2009
Será?
O que determina a categoria de uma sábio não é a quantidade e saber que possui, mas a relação que estabelece com o Conhecimento.
Ser sábio será, então, um posicionamento perante a vida?
Ser sábio será, então, um posicionamento perante a vida?
Jogo de luz e sombra
Há dias em que, por vezes, morremos outra vez.
E, no entanto, podemos - se quisermos mesmo muito - retirar deles a mensagem de que se calhar não nos tínhamos apercebido que estávamos vivos.
E, no entanto, podemos - se quisermos mesmo muito - retirar deles a mensagem de que se calhar não nos tínhamos apercebido que estávamos vivos.
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sábado, 17 de outubro de 2009
Mania da Luz
"Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai, que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus
Só pra me provocar
Meu amor juro por Deus
Me sinto incendiar
(...)"
Poema de Vinicius de Morais, cantado por Tom Jobim e Muicha
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai, que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus
Só pra me provocar
Meu amor juro por Deus
Me sinto incendiar
(...)"
Poema de Vinicius de Morais, cantado por Tom Jobim e Muicha
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Astrum 2009
Abre amanhã, no Vaticano, a exposição sobre Galileu.
Há 400 anos atrás, os poderosos da época, que se consideravam guardiões dos segredos do conhecimento, condenaram Galileu Galilei, pela audácia de afirmar a sua descoberta do heliocentrismo.
A novidade e a lógica - a evidência - foram consideradas perigosas e, como tal, extirpadas.
Galileu na humildade da sua sabedoria, teve de ceder perante a Autoridade da época
"Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas - parece-me que estou a vê-las - ,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal e qual
conforme suas eminências desejavam, e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal."
António Gedeão, Poema para Galileu
Em 1992 (!) a Igreja reconheceu o erro da condenação de Galileu e homenageia-o agora, com uma exposição que se anuncia como muito completa, para assinalar o Ano da Astronomia.
Galileu morreu sem ser aceite pelos «aceitadores de verdades» da época; sabendo que tinha razão e tendo de aceitar a estupidez instituída e modeladora do mundo, os que utilizam o Poder na sua auto-manutenção, disparando 'a matar' sobre todo e qualquer movimento do Conhecimento. Porque viviam no medo, no medo de que alguém tivesse conhecimento suficiente para perceber a insustentabilidade racional da sua Autoridade, no medo que os impedia de tentar Compreender, de poder ter o prazer de aprender, de se entregar ao diálogo profícuo, da troca de saberes...pois, se eles não tinham para a troca... se não consideravam ser possível viver na segurança de nunca estar certo, de saber que o Conhecimento é um processo interminável.
Gedeão descreve Galileu como um homem misericordioso perante a ignorância feita instituição. Será que era assim? Esperemos que sim, que ele tenha podido desfrutar das suas certezas, sem se angustiar com o atraso irremediável a que a civilização se vota a si mesma ao deixar-se chefiar por aqueles que lhe oferecem o conforto e segurança de uma Verdade Eterna.
"Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos.
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade."
António Gedeão, Poema para Galileu
Afinal, o que quereria Gedeão dizer? Que a busca do saber é uma missão tormentosa? Que os desígnios divinos explicam os diferentes caminhos na terra? Que o conhecimento traz consigo a intranquilidade?
E de quem será o Reino dos Céus, afinal?
Porque o da Terra, ao que vem constando, pertence dos pobres de espírito!
400 Anos depois! Astrum 2009 ou a impossibilidade de sufocar para sempre o Conhecimento.
Há 400 anos atrás, os poderosos da época, que se consideravam guardiões dos segredos do conhecimento, condenaram Galileu Galilei, pela audácia de afirmar a sua descoberta do heliocentrismo.
A novidade e a lógica - a evidência - foram consideradas perigosas e, como tal, extirpadas.
Galileu na humildade da sua sabedoria, teve de ceder perante a Autoridade da época
"Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas - parece-me que estou a vê-las - ,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal e qual
conforme suas eminências desejavam, e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal."
António Gedeão, Poema para Galileu
Em 1992 (!) a Igreja reconheceu o erro da condenação de Galileu e homenageia-o agora, com uma exposição que se anuncia como muito completa, para assinalar o Ano da Astronomia.
Galileu morreu sem ser aceite pelos «aceitadores de verdades» da época; sabendo que tinha razão e tendo de aceitar a estupidez instituída e modeladora do mundo, os que utilizam o Poder na sua auto-manutenção, disparando 'a matar' sobre todo e qualquer movimento do Conhecimento. Porque viviam no medo, no medo de que alguém tivesse conhecimento suficiente para perceber a insustentabilidade racional da sua Autoridade, no medo que os impedia de tentar Compreender, de poder ter o prazer de aprender, de se entregar ao diálogo profícuo, da troca de saberes...pois, se eles não tinham para a troca... se não consideravam ser possível viver na segurança de nunca estar certo, de saber que o Conhecimento é um processo interminável.
Gedeão descreve Galileu como um homem misericordioso perante a ignorância feita instituição. Será que era assim? Esperemos que sim, que ele tenha podido desfrutar das suas certezas, sem se angustiar com o atraso irremediável a que a civilização se vota a si mesma ao deixar-se chefiar por aqueles que lhe oferecem o conforto e segurança de uma Verdade Eterna.
"Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos.
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade."
António Gedeão, Poema para Galileu
Afinal, o que quereria Gedeão dizer? Que a busca do saber é uma missão tormentosa? Que os desígnios divinos explicam os diferentes caminhos na terra? Que o conhecimento traz consigo a intranquilidade?
E de quem será o Reino dos Céus, afinal?
Porque o da Terra, ao que vem constando, pertence dos pobres de espírito!
400 Anos depois! Astrum 2009 ou a impossibilidade de sufocar para sempre o Conhecimento.
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Branca de Neve e os Seis Indivíduos extremamente baixos
Uma criação Paraíso Filmes/ Banheira 2000.
Com a Branca a falar «brasileiro», claro. E adaptações tão inesperadas como um ananás envenenado, em vez da tradicional maçã...já muito vista.
Genial: Na RTP2, numa reposição de uma excelente criação de António Feio e José Pedro Gomes.
Com a Branca a falar «brasileiro», claro. E adaptações tão inesperadas como um ananás envenenado, em vez da tradicional maçã...já muito vista.
Genial: Na RTP2, numa reposição de uma excelente criação de António Feio e José Pedro Gomes.
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terça-feira, 13 de outubro de 2009
Serviço Cívico
era agora obrigá-los (no caso de ueiras, ubriga-los) a limpar os cartazesinhos todos. Ruas limpas e despoluídas visualmente, para nos esquecermos destas figuras...das deles, que nos obrigaram a vê-los e das nossas, que depois disso, ainda votámos em alguns.
O que vale é que o Natal 'tá p'ra chegar!
O que vale é que o Natal 'tá p'ra chegar!
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Autárquicas
Eleger um autarca que tem um processo na justiça...já é comum.
Eleger um que foi de facto condenado, já era de esperar.
Mas que o pessoal de Oeiras lhe perdoe que ele troque os 'o' pelo 'u' é que eu não compreendo.
Ele disse "fomos livremente sufragados pelos «ueirenses»" e referiu-se várias vezes a «ueiras», o que parece não incomodar ninguém.
Não é estranho?
Eleger um que foi de facto condenado, já era de esperar.
Mas que o pessoal de Oeiras lhe perdoe que ele troque os 'o' pelo 'u' é que eu não compreendo.
Ele disse "fomos livremente sufragados pelos «ueirenses»" e referiu-se várias vezes a «ueiras», o que parece não incomodar ninguém.
Não é estranho?
domingo, 11 de outubro de 2009
Temos de concordar
que o S. Pedro também não está a ajudar muito.
Um dia assim? Francamente!
Apetece muitas coisas...e votar, não está entre as primeiras da lista.
E, no entanto, nunca tinha visto fila para votar nesta minha nova terra muito mais pequena que a antiga.
Ou será que eu já «enpequenei» de tal forma que chamo agora «fila» ao que antes consideraria um grupito de pessoas?
É que nós mudamos conforme o sítio onde estamos: Se dantes era aqui a terra que me parecia pequena, agora é sempre Lisboa que me parece muito grande!...
Um dia assim? Francamente!
Apetece muitas coisas...e votar, não está entre as primeiras da lista.
E, no entanto, nunca tinha visto fila para votar nesta minha nova terra muito mais pequena que a antiga.
Ou será que eu já «enpequenei» de tal forma que chamo agora «fila» ao que antes consideraria um grupito de pessoas?
É que nós mudamos conforme o sítio onde estamos: Se dantes era aqui a terra que me parecia pequena, agora é sempre Lisboa que me parece muito grande!...
sábado, 10 de outubro de 2009
Outonal
"Mais uma vez é preciso
reaprender o outono -
todos nós regressamos ao teu
inesgotável rosto
Emergem do asfalto aquelas
inacreditáveis crianças
e tudo incorrigivelmente principia
Já na rua se não cruzam
olhos como armas
Recebe-nos de novo o coração
E sabe deus a minha humana mão"
Ruy Belo (1933-1978)
Colhido em Poemário Assírio & Alvim 2006
reaprender o outono -
todos nós regressamos ao teu
inesgotável rosto
Emergem do asfalto aquelas
inacreditáveis crianças
e tudo incorrigivelmente principia
Já na rua se não cruzam
olhos como armas
Recebe-nos de novo o coração
E sabe deus a minha humana mão"
Ruy Belo (1933-1978)
Colhido em Poemário Assírio & Alvim 2006
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
As últimas!
É muito difícil, numa terra pequenita, em que quase toda a gente se conhece, sair à rua no último dia de campanha para as autárquicas.
Creio que fiz umas boas gincanas nas ruas do centro da cidade, mas consegui evitar todas as caravanas e comitivas, onde havia sempre - sem falha - algum elemento conhecido.
À noite, vou pôr a televisão bem alta, para não ouvir as buzinas «campanhísticas».
Que inferno! Nunca estive tão desmotivada para a política! E não sei como resolver isto!
Creio que fiz umas boas gincanas nas ruas do centro da cidade, mas consegui evitar todas as caravanas e comitivas, onde havia sempre - sem falha - algum elemento conhecido.
À noite, vou pôr a televisão bem alta, para não ouvir as buzinas «campanhísticas».
Que inferno! Nunca estive tão desmotivada para a política! E não sei como resolver isto!
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José Mayer
Começou uma nova novela brasileira com José Mayer como protagonista.
Eu comecei a ver.
Não vou dizer que foi por ele ser o protagonista...mas também não é um facto sem qualquer relevância, reconheço.
Hoje, de tarde, enquanto esperava que chamassem o meu nome num consultório médico, vi, numa reposição de «Mulheres Apaixonadas», uma cena romântica em que J. Mayer assumia o papel de «homem perfeito»: bonito, galante, carinhoso, com a palavra e os gestos certos.
E dei comigo a pensar: Como será José Mayer a sério? Que dirá ele, na intimidade, quando não tem um guião para se guiar? Será que o peso de todas as personagens «perfeitas» que tem interpretado, não inibem o homem, a sério, na intimidade, em que será tão só um homem? Ou será que ele absorveu as personagens de tal maneira que as usa como seu guião pessoal?
Será possível a um homem que interpreta aqueles papeis, depois, ser, simplesmente um homem?
Será que é possível, na realidade, superar aquelas personagens? Será que alguém espera que ele o faça? Será possível ser ele só?
Bem...por alguma coisa ele é escolhido para aqueles papeis. Pois se até eu - que me tenho na conta de ser superior a estas coisas - estou para aqui a «agalinhar» desta maneira!...
Eu comecei a ver.
Não vou dizer que foi por ele ser o protagonista...mas também não é um facto sem qualquer relevância, reconheço.
Hoje, de tarde, enquanto esperava que chamassem o meu nome num consultório médico, vi, numa reposição de «Mulheres Apaixonadas», uma cena romântica em que J. Mayer assumia o papel de «homem perfeito»: bonito, galante, carinhoso, com a palavra e os gestos certos.
E dei comigo a pensar: Como será José Mayer a sério? Que dirá ele, na intimidade, quando não tem um guião para se guiar? Será que o peso de todas as personagens «perfeitas» que tem interpretado, não inibem o homem, a sério, na intimidade, em que será tão só um homem? Ou será que ele absorveu as personagens de tal maneira que as usa como seu guião pessoal?
Será possível a um homem que interpreta aqueles papeis, depois, ser, simplesmente um homem?
Será que é possível, na realidade, superar aquelas personagens? Será que alguém espera que ele o faça? Será possível ser ele só?
Bem...por alguma coisa ele é escolhido para aqueles papeis. Pois se até eu - que me tenho na conta de ser superior a estas coisas - estou para aqui a «agalinhar» desta maneira!...
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
E vem-nos à memória uma frase já lida
Hoje de tarde senti-me sozinha numa sala cheia de gente que falava ruidosamente.
Regressei a casa e liguei a televisão. Estão a dar as notícias da campanha eleitoral.
E lembrei-me que Najjar Jr. diz que "Muita gente fala sem pensar por falta de opção"
Regressei a casa e liguei a televisão. Estão a dar as notícias da campanha eleitoral.
E lembrei-me que Najjar Jr. diz que "Muita gente fala sem pensar por falta de opção"
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quarta-feira, 7 de outubro de 2009
História (residual) de um tempo livre na Escola de Hoje e considerações anacrónicas sobre a mesma
Ele estava ali sozinho; olhava ocasioalmente para o telemóvel, mas, na maior parte do tempo, estava com o olhar parado, preso em qualquer coisa que não era visível.
Passei para o bar...fui à papelaria...demorei-me a conversar com a funcionária...e cada vez me intrigava mais a presença daquele aluno, numa sala quase vazia, sem uma explicação perceptível.
Por fim, interpelei-o: "Então rapaz? Aqui sozinho...onde estão os outros?"
"É que eu não tenho visual..."
"Ah, por causa da música, não é?" Ele acenou afirmativamente "Então e...ir à biblioteca?...fazer qualquer coisa?..."
"Não, obrigado. Estou bem assim."
E estava. Era um facto. A única que estava incomodada era eu.
E continuo incomodada. Então, tanta palhaçada para ocuparmos os meninos nos tempos livres, não podem estar desocupados, não podem estar livres, têm de estar sempre ocupados, mesmo que a babysitter se sinta ridícula e ultrajada por a obrigarem a fazer um trabalho sem sentido e, de repente, por causa da educação artística - a qual aplaudo vivamente, pois o país precisa de artistas, precisa de sonhar, cada vez mais - aquele menino fica assim...à mercê da ociosidade?
Mas, por favor, não digam nada a ninguém. Pois está bem de ver que se aquele jovem tem uma hora livre a culpa deve ser dos malvados dos professores, que não perceberam a existência de um vazio. Terão de remediar isso! Com mais horas de substituição. Com actividades de projectos...de quê? Não interessa. Projectos. Porque é preciso saber fazer projectos. Mesmo que da treta, do nada. Mas uma pessoa que sabe fazer um projecto é muito mais pessoa. Mais pessoa humana, talvez.
Estranho. Bizarro, mesmo, esta situação, num país que jurou preencher todos os tempos dos seus jovens para não os deixar decidir nada, nem tempo para pensar, para brincar, para sonhar. Rapidamente e em força a ocupar todos os tempos deste jovens para que tenham muitas horas de preenchimento de tarefas. Muitas horas que anulam as horas de aprendizagem que se faz sem planos, nem currículos, nem avaliações. Que se faz sem rede, vivendo.
Fantástico como o rapaz se acomodava bem a não fazer nada! Mas, se calhar também é isso que faz falta. Só que estava sozinho e não me parece que fosse possível aprender nada assim. Talvez ele não queira aprender nada. Talvez a atitude verdadeiramente original neste país enquadrado e formatado pela terapia ocupacional da treta seja mesmo a recusa da aprendizagem embrulhada em conteúdos e servida em tempos lectivos. A favor da verdadeira aprendizagem: a da vida. Que, talvez os nossos governantes ensinadores não saibam, mas pode mesmo ser vivida, dia a dia, sem programação rigorosa - uma aventura de surpresas. Cheia de perigos, sem dúvida, mas, por isso mesmo, tão aliciante.
Palavras anacrónicas, estas. Remetem para um tempo em que a sala de convívio era isso mesmo, em que a falta de um professor implicava um acto consciente de decidir o que fazer com aquela hora. Tão bom: decidir o que fazer com um furo. Decidir, pensar, exercitar o direito à individualidade. Porque no fundo o que nos poderia distinguir era o sentido das decisões que tomávamos.
Talvez seja isso mesmo que se quer evitar: o direito à diferença, à decisão, à vida consciente, ao perigo constante que obrigava os pais a educarem os filhos e a tomarem parte activa no seu crescimento, a sentirem-se, também, autores, dessas obras de arte únicas que eram as pessoas, cada uma das pessoas. Antes da massificação que nos sufoca - Essa é a verdadeira asfixia democrática: a submersão pela mediocridade indiferenciada das massas.
Felizmente ainda não desenvolveram a tecnologia a ponto de nos limparem as memórias. Assim, posso sempre manter - e divulgar - resquícios de memória de outros tempos, que, de facto, existiram.
Passei para o bar...fui à papelaria...demorei-me a conversar com a funcionária...e cada vez me intrigava mais a presença daquele aluno, numa sala quase vazia, sem uma explicação perceptível.
Por fim, interpelei-o: "Então rapaz? Aqui sozinho...onde estão os outros?"
"É que eu não tenho visual..."
"Ah, por causa da música, não é?" Ele acenou afirmativamente "Então e...ir à biblioteca?...fazer qualquer coisa?..."
"Não, obrigado. Estou bem assim."
E estava. Era um facto. A única que estava incomodada era eu.
E continuo incomodada. Então, tanta palhaçada para ocuparmos os meninos nos tempos livres, não podem estar desocupados, não podem estar livres, têm de estar sempre ocupados, mesmo que a babysitter se sinta ridícula e ultrajada por a obrigarem a fazer um trabalho sem sentido e, de repente, por causa da educação artística - a qual aplaudo vivamente, pois o país precisa de artistas, precisa de sonhar, cada vez mais - aquele menino fica assim...à mercê da ociosidade?
Mas, por favor, não digam nada a ninguém. Pois está bem de ver que se aquele jovem tem uma hora livre a culpa deve ser dos malvados dos professores, que não perceberam a existência de um vazio. Terão de remediar isso! Com mais horas de substituição. Com actividades de projectos...de quê? Não interessa. Projectos. Porque é preciso saber fazer projectos. Mesmo que da treta, do nada. Mas uma pessoa que sabe fazer um projecto é muito mais pessoa. Mais pessoa humana, talvez.
Estranho. Bizarro, mesmo, esta situação, num país que jurou preencher todos os tempos dos seus jovens para não os deixar decidir nada, nem tempo para pensar, para brincar, para sonhar. Rapidamente e em força a ocupar todos os tempos deste jovens para que tenham muitas horas de preenchimento de tarefas. Muitas horas que anulam as horas de aprendizagem que se faz sem planos, nem currículos, nem avaliações. Que se faz sem rede, vivendo.
Fantástico como o rapaz se acomodava bem a não fazer nada! Mas, se calhar também é isso que faz falta. Só que estava sozinho e não me parece que fosse possível aprender nada assim. Talvez ele não queira aprender nada. Talvez a atitude verdadeiramente original neste país enquadrado e formatado pela terapia ocupacional da treta seja mesmo a recusa da aprendizagem embrulhada em conteúdos e servida em tempos lectivos. A favor da verdadeira aprendizagem: a da vida. Que, talvez os nossos governantes ensinadores não saibam, mas pode mesmo ser vivida, dia a dia, sem programação rigorosa - uma aventura de surpresas. Cheia de perigos, sem dúvida, mas, por isso mesmo, tão aliciante.
Palavras anacrónicas, estas. Remetem para um tempo em que a sala de convívio era isso mesmo, em que a falta de um professor implicava um acto consciente de decidir o que fazer com aquela hora. Tão bom: decidir o que fazer com um furo. Decidir, pensar, exercitar o direito à individualidade. Porque no fundo o que nos poderia distinguir era o sentido das decisões que tomávamos.
Talvez seja isso mesmo que se quer evitar: o direito à diferença, à decisão, à vida consciente, ao perigo constante que obrigava os pais a educarem os filhos e a tomarem parte activa no seu crescimento, a sentirem-se, também, autores, dessas obras de arte únicas que eram as pessoas, cada uma das pessoas. Antes da massificação que nos sufoca - Essa é a verdadeira asfixia democrática: a submersão pela mediocridade indiferenciada das massas.
Felizmente ainda não desenvolveram a tecnologia a ponto de nos limparem as memórias. Assim, posso sempre manter - e divulgar - resquícios de memória de outros tempos, que, de facto, existiram.
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Saudade
A melhor palavra para evocar a embaixadora do Fado, que se tornou a única mulher com túmulo no Panteão Nacional.
Dez anos depois: Amália, para sempre!
Dez anos depois: Amália, para sempre!
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Ritmos Tradicionais

Agora sim. Depois deste fim de semana magnífico, em que mergulhei nos ritmos da terra, fiz as vindimas do meu verão, encerrei o tempo de descansar de que abdiquei este ano.
Agora sim. Depois destes dias em que fui mimada, em que não me importei de comer e respirar tudo muito puro, em que bebi golos de água fresca e fotografei flores...só porque sim, porque me apeteceu, sem pressa, sem razão racional, sem tarefas a cumprir...
Foi num 7 de Outubro que entrei para a escola pela primeira vez; foi num 7 de Outubro que entrei para a Universidade pela primeira vez.
Este ano posso voltar a seis.
Amanhã lá estarei: de alma e coração lavado, agradecida por este fim de semana, em que alguns comemoraram os 99 anos da Implantação da República e outros simplesmente «estiveram de feriado» sem nem sequer querer saber porquê. Tantas vidas desperdiçadas, porque ignoradas pelos muitos que as não honram!
Também são ritmos tradicionais da História: o sacrifício e o esquecimento...
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Tradições
99 Anos: "Deixou-me Deus viver pra isto!"
A República Portuguesa compõe os seios desnudados e retira o barrete frígio. Está cansada de agitar a bandeira e de sorrir para o povo que tutela há quase um século!...
Senta-se um pouco no sofá a ver o serviço noticioso de um canal não estatal. Quer ver como a homenageiam; considera que merece saber o que dizem do serviço que tem prestado ao longo do tempo.
Primeiro não entende muito bem a brincadeira entre o Presidente da República e o Primeiro-Ministro que, ao que parece, encetaram uma disputa de popularidade.
C.S. - Vês? Tenho casa cheia. O Povo gosta mais de mim! Onde é que se está bem? É em Belém!
J.S. - República boa é na Câmara de Lisboa! Posso ter menos gente, menos bandas, menos palmas e menos beijinhos, mas eu é que estou com o espírito da República.
Ouve com atenção os inquéritos de rua. Afinal foi sempre para as pessoas que ela existiu:
"- Se gostava de viver aqui no Palácio de Belém? Então é que eu era uma rainha!"
Boquiaberta, a República Portuguesa estava ainda a recuperar-se desta confusão entre regimes políticos, quando passa a reportagem dos monárquicos que davam vivas ao Presidente da República.
Atónita, exausta, já nem se apercebeu da senhora que interpretava a simbologia dos castelos presentes na bandeira nacional como respeitante "aos nossos governantes anarquistas"...
Por essas alturas já estava no site do e-Bay a saber se era possível trocar a bandeira por um taco de baseball, para zurzir o povo: 99 anos e eles ainda não perceberam nada! Francamente!
Senta-se um pouco no sofá a ver o serviço noticioso de um canal não estatal. Quer ver como a homenageiam; considera que merece saber o que dizem do serviço que tem prestado ao longo do tempo.
Primeiro não entende muito bem a brincadeira entre o Presidente da República e o Primeiro-Ministro que, ao que parece, encetaram uma disputa de popularidade.
C.S. - Vês? Tenho casa cheia. O Povo gosta mais de mim! Onde é que se está bem? É em Belém!
J.S. - República boa é na Câmara de Lisboa! Posso ter menos gente, menos bandas, menos palmas e menos beijinhos, mas eu é que estou com o espírito da República.
Ouve com atenção os inquéritos de rua. Afinal foi sempre para as pessoas que ela existiu:
"- Se gostava de viver aqui no Palácio de Belém? Então é que eu era uma rainha!"
Boquiaberta, a República Portuguesa estava ainda a recuperar-se desta confusão entre regimes políticos, quando passa a reportagem dos monárquicos que davam vivas ao Presidente da República.
Atónita, exausta, já nem se apercebeu da senhora que interpretava a simbologia dos castelos presentes na bandeira nacional como respeitante "aos nossos governantes anarquistas"...
Por essas alturas já estava no site do e-Bay a saber se era possível trocar a bandeira por um taco de baseball, para zurzir o povo: 99 anos e eles ainda não perceberam nada! Francamente!
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sexta-feira, 2 de outubro de 2009
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Ligações engenhosas
A herança é como a astrologia: depende do seu ascendente.
George Najjar Jr., Desaforismos
George Najjar Jr., Desaforismos
Dia da Música
"Music was my first love
and it will be my last
Music of the future
and music of the past"
John Miles
(escrito de memória, espero que esteja certo...)
and it will be my last
Music of the future
and music of the past"
John Miles
(escrito de memória, espero que esteja certo...)
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quarta-feira, 30 de setembro de 2009
(Re)encontros
"- Olá! Como estás? - saudou a colega com um sorriso genuíno, levantando-se da cadeira e dirigindo-se-lhe com passo firme.
Ela abriu também um grande sorriso - Estou bem...
- Estás muito bem! - continuou a outra, com ar entusiasmado - Estás muito mais magra! Caramba!Perdeste um bom bocado!...
Ela abriu um sorriso de satisfação, meio-envergonhado.
- Agora só te faltam perder...o quê?...uns dez quilos?
Só então repararam na autora da afirmação. Sentada perto da janela, em contra-luz, era apenas um enorme vulto quadrado. Mas ela lembrava-se dela!...Semicerrou os olhos a pensar como responderia a uma intervenção tão desagradável.
A primeira tentou restaurar o bom ambiente - Ah! Credo! Ela é de constituição forte... - e olhava para a outra, de sobrolho franzido.
- Ela é uma mulher forte e queira Deus que ela nunca fraqueje! - Assim, inesperado, ele era ainda mais alto e atlético. Nenhuma delas dera pela sua presença, num local da sala mais reservado para trabalhar, separado do restante espaço por um biombo.
A voz dele soou-lhe vinda do céu em seu socorro. Ela sentia-se uma personagem de um filme...mesmo antes de ele lhe segurar levemente o queixo na mão, enquanto, olhando-a nos olhos, dizia, para a outra, reforçando a sua intervenção - É de mulheres fortes como ela que o país precisa, e nós aqui na escola também.
Elas estavam boquiabertas. Recordavam agora porque ao diminuitivo Ze tinham acrescentado 'us', passado a designa-lo como o pai dos deuses gregos... Ze(us)...sentindo-se no Olimpo, quando ele estava por perto.
Ela olhou triunfante para a paquidérmica figura em contra-luz e saiu atrás dele, saboreando o silêncio que se encerrava nas suas costas.
- Zeus!...Céus!...queria eu dizer...bolas! Zé!
Ele virou-se, ciente da impressão que causava - Sim?
- Obrigada!
- De nada! Foi sincero! E merecido!
A partir daí as pernas dela recusaram-se a mexer, sentindo que ficava colada ao chão, com um estúpido sorriso no rosto - nada de diferente das adolescentes a quem dava aulas - enquanto ele descia (majestoso) a escadaria da escola."
Nota adicional:
a) A personagem Zeus é completamente ficcionada, para grande pena de muitos membros da comunidade escolar, incluindo eu.
b) Todas as outras personagens são retratos, de perto, de elementos reais, também para grande pena de muitos membros da mesma comunidade escolar.
Ela abriu também um grande sorriso - Estou bem...
- Estás muito bem! - continuou a outra, com ar entusiasmado - Estás muito mais magra! Caramba!Perdeste um bom bocado!...
Ela abriu um sorriso de satisfação, meio-envergonhado.
- Agora só te faltam perder...o quê?...uns dez quilos?
Só então repararam na autora da afirmação. Sentada perto da janela, em contra-luz, era apenas um enorme vulto quadrado. Mas ela lembrava-se dela!...Semicerrou os olhos a pensar como responderia a uma intervenção tão desagradável.
A primeira tentou restaurar o bom ambiente - Ah! Credo! Ela é de constituição forte... - e olhava para a outra, de sobrolho franzido.
- Ela é uma mulher forte e queira Deus que ela nunca fraqueje! - Assim, inesperado, ele era ainda mais alto e atlético. Nenhuma delas dera pela sua presença, num local da sala mais reservado para trabalhar, separado do restante espaço por um biombo.
A voz dele soou-lhe vinda do céu em seu socorro. Ela sentia-se uma personagem de um filme...mesmo antes de ele lhe segurar levemente o queixo na mão, enquanto, olhando-a nos olhos, dizia, para a outra, reforçando a sua intervenção - É de mulheres fortes como ela que o país precisa, e nós aqui na escola também.
Elas estavam boquiabertas. Recordavam agora porque ao diminuitivo Ze tinham acrescentado 'us', passado a designa-lo como o pai dos deuses gregos... Ze(us)...sentindo-se no Olimpo, quando ele estava por perto.
Ela olhou triunfante para a paquidérmica figura em contra-luz e saiu atrás dele, saboreando o silêncio que se encerrava nas suas costas.
- Zeus!...Céus!...queria eu dizer...bolas! Zé!
Ele virou-se, ciente da impressão que causava - Sim?
- Obrigada!
- De nada! Foi sincero! E merecido!
A partir daí as pernas dela recusaram-se a mexer, sentindo que ficava colada ao chão, com um estúpido sorriso no rosto - nada de diferente das adolescentes a quem dava aulas - enquanto ele descia (majestoso) a escadaria da escola."
Nota adicional:
a) A personagem Zeus é completamente ficcionada, para grande pena de muitos membros da comunidade escolar, incluindo eu.
b) Todas as outras personagens são retratos, de perto, de elementos reais, também para grande pena de muitos membros da mesma comunidade escolar.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Se não gostou do resultado das eleições
lute, lute muito contra essa raiva que sente.
Não será por acaso que as eleições se realizaram na véspera do Dia Mundial de Luta Contra a Raiva.
Parece que é a raiva dos cães, mas se Manuel Alegre, relata no seu livro «Cão como nós», comportamentos "quase humanos" de um canídeo de estimação, porque não podemos nós também - que nos estimamos muito - assumir atitudes "menos humanas" e sentir uma raiva canina, genuinamente canina, que nos faria morder, com gosto, algumas canelas engravatadas?
Não será por acaso que as eleições se realizaram na véspera do Dia Mundial de Luta Contra a Raiva.
Parece que é a raiva dos cães, mas se Manuel Alegre, relata no seu livro «Cão como nós», comportamentos "quase humanos" de um canídeo de estimação, porque não podemos nós também - que nos estimamos muito - assumir atitudes "menos humanas" e sentir uma raiva canina, genuinamente canina, que nos faria morder, com gosto, algumas canelas engravatadas?
domingo, 27 de setembro de 2009
Hoje passei em Amor
mas, como sempre, não pude ficar.
É que o meu destino era Leiria, que fica a 9 Km desta povoação.
É que o meu destino era Leiria, que fica a 9 Km desta povoação.
sábado, 26 de setembro de 2009
Em tempo de reflexão
"Foi bonita a festa, pá,
fiquei contente
ainda guardo, renitente,
um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá,
mas, certamente,
esquecerem uma semente
nalgum canto de jardim" ( Chico Buarque, Tanto Mar, 1974)
Será que esqueceram? Se calhar não se lembram...
Amanhã, logo se vê!...
fiquei contente
ainda guardo, renitente,
um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá,
mas, certamente,
esquecerem uma semente
nalgum canto de jardim" ( Chico Buarque, Tanto Mar, 1974)
Será que esqueceram? Se calhar não se lembram...
Amanhã, logo se vê!...
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Schiu!
Hoje foi o dia em que eles foram todos institucionalmente obrigados a calarem-se.
Tão bom!
Aproveitaram?
É que o chinfrim recomeça amanhã! E com consequências!
Eu aproveitei. Neste dia lindo em que o Verão se fez convidado do Outono, para nos fazer perceber que o que nos resta é apreciar este país lindo! E não é pouco!
A viagem, hoje, foi um tempo gozoso.
Tão bom!
Aproveitaram?
É que o chinfrim recomeça amanhã! E com consequências!
Eu aproveitei. Neste dia lindo em que o Verão se fez convidado do Outono, para nos fazer perceber que o que nos resta é apreciar este país lindo! E não é pouco!
A viagem, hoje, foi um tempo gozoso.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Causa e Consequência
Procura-se
Sempre vivo e nunca morto.
Procura-se
Quem nos falta na escrita, buscada sofregamente em cada fim de dia.
Procura-se
A companhia que, nunca deixando de ser ausente, ganhou o espaço da sua presença.
A desorientação é já grande na comunidade, que se interroga, em aflição: Como fazer?
Discute-se a hipótese de criar um cartaz para espalhar pelas cidades - com rosto de poesia, cabelos de sílabas e semblante de entrega – para que nos possam dar notícias.
Os mais pessimistas alvitram a hipótese de uma baixa por gripe A. Insurjo-me, grito furiosa: Ah! Mendes Criminosas! Abutres da desgraça! A minha hipótese prende-se com obrigações cívicas – a participação activa na campanha eleitoral, do lado dos que acreditam na liberdade e na mudança, no sonho e na poesia de vidas dedicadas a causas. Essa sim, era uma boa causa!
Mas que tudo isto causa inquietação causa; seja qual for a causa…
Sempre vivo e nunca morto.
Procura-se
Quem nos falta na escrita, buscada sofregamente em cada fim de dia.
Procura-se
A companhia que, nunca deixando de ser ausente, ganhou o espaço da sua presença.
A desorientação é já grande na comunidade, que se interroga, em aflição: Como fazer?
Discute-se a hipótese de criar um cartaz para espalhar pelas cidades - com rosto de poesia, cabelos de sílabas e semblante de entrega – para que nos possam dar notícias.
Os mais pessimistas alvitram a hipótese de uma baixa por gripe A. Insurjo-me, grito furiosa: Ah! Mendes Criminosas! Abutres da desgraça! A minha hipótese prende-se com obrigações cívicas – a participação activa na campanha eleitoral, do lado dos que acreditam na liberdade e na mudança, no sonho e na poesia de vidas dedicadas a causas. Essa sim, era uma boa causa!
Mas que tudo isto causa inquietação causa; seja qual for a causa…
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Francisca
Uns amigos recentes, que estavam grávidos, anunciam hoje na sua frase do Messenger: "Nasceu a Francisca!"
Fiquei feliz por eles, evidentemente.
Não pude deixar de pensar nas voltas da vida, na regeneração e renovação do mundo, que às perdas de uns contrapõe os ganhos de outros - sempre em movimento...- no vai-vem de vidas que se cruza na nossa vida.
Fiquei feliz por eles, evidentemente.
Não pude deixar de pensar nas voltas da vida, na regeneração e renovação do mundo, que às perdas de uns contrapõe os ganhos de outros - sempre em movimento...- no vai-vem de vidas que se cruza na nossa vida.
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terça-feira, 22 de setembro de 2009
Comodidade na Informação
Cheguei a casa estafadinha do combate para explicar áquele 7º ano que eu sou a professora, que não podem falar todos ao mesmo tempo e que, se não pedirem para se levantar, mesmo que tenham razão e urgência em afiar o lápis ou deitar o lenço no lixo, teremos de colocar semáforos na recinto da aula.
Atirei-me para o sofá e comecei a zapar com pouco interesse. Não me apetecia ver séries, nem filmes, muito menos noticiários...até que topei com uma das excelentes entrevistas que o José Rodrigues dos Santos anda a fazer a escritores.
Gostei da conversa, mas não sabia quem era o autor. Fiquei por ali, até que referem o Coleccionador de Ossos. Eu gostei muito do filme e da ideia, mas não sabia quem era o criador da personagem.
Tinha ligado «automaticamene» a Internet e socorri-me do ciberespaço para perguntar quem era o autor que eu estava a ouvir falar. E lá estava - assim, instantaneamente - Jeffery Deaves.
Que cómodo poder encontrar assim a informação que complementa a aquisição de outra informação!
Atirei-me para o sofá e comecei a zapar com pouco interesse. Não me apetecia ver séries, nem filmes, muito menos noticiários...até que topei com uma das excelentes entrevistas que o José Rodrigues dos Santos anda a fazer a escritores.
Gostei da conversa, mas não sabia quem era o autor. Fiquei por ali, até que referem o Coleccionador de Ossos. Eu gostei muito do filme e da ideia, mas não sabia quem era o criador da personagem.
Tinha ligado «automaticamene» a Internet e socorri-me do ciberespaço para perguntar quem era o autor que eu estava a ouvir falar. E lá estava - assim, instantaneamente - Jeffery Deaves.
Que cómodo poder encontrar assim a informação que complementa a aquisição de outra informação!
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Atchim!
Espirrou o rapaz, fazendo eco na sala.
- Muito bem! - disse eu, elogiando a forma como reparei que protegera o nariz com o braço, tal como ensinam os cartazes que nos ajudam a proteger da gripe A.
Satisfeito com o elogio, o rapaz abriu um sorriso, enquanto limpava com os dedos o ranho que lhe escorria do nariz.
- Muito bem! - disse eu, elogiando a forma como reparei que protegera o nariz com o braço, tal como ensinam os cartazes que nos ajudam a proteger da gripe A.
Satisfeito com o elogio, o rapaz abriu um sorriso, enquanto limpava com os dedos o ranho que lhe escorria do nariz.
Ser Professora
para mim, é assim o mais perto que conheço da Terra do Nunca. Fazer como o Peter Pan e recusar crescer, recusar acizentar e definhar na seriedade atrofiante de «ser adulto».
Deixa-los ensinarem-me as expressões da juventude deles, os «gadgets» de que se servem, as novas formas de comunicação.
Compreender, na prática, que, mesmo mudando-se os tempos e as vontades, o que nos faz rir e chorar não difere muito ao longo dos tempos.
Deixarem-me voar com eles na viagem da sua adolescência, qual Peter Pan ou Sininho.
O pior são os Capitães Ganchos que ameaçam o nosso périplo!...
Deixa-los ensinarem-me as expressões da juventude deles, os «gadgets» de que se servem, as novas formas de comunicação.
Compreender, na prática, que, mesmo mudando-se os tempos e as vontades, o que nos faz rir e chorar não difere muito ao longo dos tempos.
Deixarem-me voar com eles na viagem da sua adolescência, qual Peter Pan ou Sininho.
O pior são os Capitães Ganchos que ameaçam o nosso périplo!...
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segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Deixar-me surpreender
Vencida mais uma etapa, dei-me um sábado de descanso.
Sem grandes ideias sobre como preencher o meu descanso - não valia a pena fazer as malas, nem escolher um romance para ler, era tão só um sábado, singelo e isolado, como uma ilha num mar de trabalho - resolvi ir até Lisboa e deixar-me surpreender pela cidade.
E ela não me desiludiu: a capital estava fremente de actividades!
Dos ruidosos preparativos para o concerto dos UHF na Rua do Carmo, à exposição de fotografias de Simon Frederik, que se insinua quando subimos as escadas rolantes do Centro Comercial do Chiado, com destaque para o cordão de leitura com que me deleitei, quente pelo sol que iluminava o largo do Camões.
Entregarmo-nos a Lisboa pode ser surpreendente!
Sem grandes ideias sobre como preencher o meu descanso - não valia a pena fazer as malas, nem escolher um romance para ler, era tão só um sábado, singelo e isolado, como uma ilha num mar de trabalho - resolvi ir até Lisboa e deixar-me surpreender pela cidade.
E ela não me desiludiu: a capital estava fremente de actividades!
Dos ruidosos preparativos para o concerto dos UHF na Rua do Carmo, à exposição de fotografias de Simon Frederik, que se insinua quando subimos as escadas rolantes do Centro Comercial do Chiado, com destaque para o cordão de leitura com que me deleitei, quente pelo sol que iluminava o largo do Camões.
Entregarmo-nos a Lisboa pode ser surpreendente!
Declaração de Amor
A conversa já ia adiantada quando entrei no café.
A mulher era rechonchuda, tinha um ar franco e saudável, um ar maternal: aquela maneira entre o ternurento e o prático, de quem limpa narizes ranhosos, enquanto termina a sopa e dita a solução de um exercício de matemática a um estudante menos aplicado. Tinha sobretudo um ar franco, honesto, limpo. Falava alto, com voz límpida.
- É muito bom homem, o meu António. É que é mesmo. Eu, às vezes penso...se voltasse atrás, casava com ele outra vez. Eu gosto mesmo daquele palerma, o que é que eu hei-de fazer?...
Não era uma actriz de Hollywood, por isso não falava em «paixão inigualável»; não era uma princesa do Walt Disney, por isso não falava em «felicidade para sempre»...
Era uma mulher real, com voz franca e sem «melanzices», que declarava que voltaria a casar com «aquele palerma».
E o tom com que ela o disse - tão puro, tão simples - tornou aquela frase na declaração de amor mais sentida que eu já ouvi. Na fala de uma mulher feliz, que reduz tudo à simplicidade de se sentir acompanhada pelo «palerma da vida dela».
A mulher era rechonchuda, tinha um ar franco e saudável, um ar maternal: aquela maneira entre o ternurento e o prático, de quem limpa narizes ranhosos, enquanto termina a sopa e dita a solução de um exercício de matemática a um estudante menos aplicado. Tinha sobretudo um ar franco, honesto, limpo. Falava alto, com voz límpida.
- É muito bom homem, o meu António. É que é mesmo. Eu, às vezes penso...se voltasse atrás, casava com ele outra vez. Eu gosto mesmo daquele palerma, o que é que eu hei-de fazer?...
Não era uma actriz de Hollywood, por isso não falava em «paixão inigualável»; não era uma princesa do Walt Disney, por isso não falava em «felicidade para sempre»...
Era uma mulher real, com voz franca e sem «melanzices», que declarava que voltaria a casar com «aquele palerma».
E o tom com que ela o disse - tão puro, tão simples - tornou aquela frase na declaração de amor mais sentida que eu já ouvi. Na fala de uma mulher feliz, que reduz tudo à simplicidade de se sentir acompanhada pelo «palerma da vida dela».
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Receita para os que (ainda) não encontraram a metade da laranja
Não desanime:
Procure a metade de um limão, adicione açúcar, aguardente e gelo.
E desfrute!
É como o anúncio da Freeze: Não resolve o problema, mas passa-se um bom bocado e não se tem sede.
Procure a metade de um limão, adicione açúcar, aguardente e gelo.
E desfrute!
É como o anúncio da Freeze: Não resolve o problema, mas passa-se um bom bocado e não se tem sede.
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quarta-feira, 16 de setembro de 2009
terça-feira, 15 de setembro de 2009
O Seu a Seu Dono
A Escola é dos miúdos e sem eles não tem sentido!
Ontem, lá estavam todos: Muitos «olás», muitas novidades - Como eles cresceram!...
E, ontem, tudo voltou a fazer sentido.
A alegria deles é fonte de vida.
Mesmo numa escola cinzenta, engripada por antecipação, em quarentena do pensamento que não nos permite perspectivar o ridículo das histerias sociais e nos faz embarcar no politicamente correcto, que arrasta tudo na lama que sufoca o entusiasmo.
Tenho pena de já ter perdido a frescura que eles têm, mas orgulho-me de ainda me lembrar que a tive.
Não há nada pior que adultos sem memória!
Afinal, ontem, ainda consegui trautear a minha canção: talvez a «estrela na mão direita» tenha um ar antiquado, mas os ««olhos grandes estão lá e a vontade de aprender também; que tem de ser disfarçada, é bem de ver, não vão os profs pensar que eles gostam daquilo, que não estão todos de acordo que a escola é uma seca...
Afinal, eles ontem devolveram-me o entusiasmo, que já me pôs hoje a seleccionar os livros, as frases e as músicas, com que estou a encenar a minha abertura de ano lectivo.
O futuro não está perdido, se alguns deles conseguirem manter a memória quando crescerem e os «olhos grandes» com que olhar à volta.
Ontem, lá estavam todos: Muitos «olás», muitas novidades - Como eles cresceram!...
E, ontem, tudo voltou a fazer sentido.
A alegria deles é fonte de vida.
Mesmo numa escola cinzenta, engripada por antecipação, em quarentena do pensamento que não nos permite perspectivar o ridículo das histerias sociais e nos faz embarcar no politicamente correcto, que arrasta tudo na lama que sufoca o entusiasmo.
Tenho pena de já ter perdido a frescura que eles têm, mas orgulho-me de ainda me lembrar que a tive.
Não há nada pior que adultos sem memória!
Afinal, ontem, ainda consegui trautear a minha canção: talvez a «estrela na mão direita» tenha um ar antiquado, mas os ««olhos grandes estão lá e a vontade de aprender também; que tem de ser disfarçada, é bem de ver, não vão os profs pensar que eles gostam daquilo, que não estão todos de acordo que a escola é uma seca...
Afinal, eles ontem devolveram-me o entusiasmo, que já me pôs hoje a seleccionar os livros, as frases e as músicas, com que estou a encenar a minha abertura de ano lectivo.
O futuro não está perdido, se alguns deles conseguirem manter a memória quando crescerem e os «olhos grandes» com que olhar à volta.
«Não posso com uma gata pelo rabo»
Não que tenha tentado, claro. Coitadinhas das minhas bichanas, que me fazem tanta companhia!
Mas hoje foi um dia tão cheio de coisas...e estou tão cansada...que me lembrei desta expressão, que se usava lá por casa e que nunca mais ouvi.
Mas hoje foi um dia tão cheio de coisas...e estou tão cansada...que me lembrei desta expressão, que se usava lá por casa e que nunca mais ouvi.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
domingo, 13 de setembro de 2009
Amanhã lá vamos todos regressar à Escola
Já não posso ouvir a conversa - repetida todos os anos - da forma como se devem enquadrar as crianças na escola, por causa dos traumas.
Mais quais traumas? Com traumas ficam eles de tão protegidos e tão enfaixados em actividades e vigilâncias que não têm autonomia nem para comprar um chupa-chupa. Ou, quando têm, fazem asneira...porque coitadinhos eram imaturos.
Oh, pá! Eu sei que eu não podia falar assim, sendo professora e tal, mas - caramba - não era bom andar na escola?
Era, digo eu, que quem devia estar traumatizada era eu, que entrei para lá aos 6 anos e ainda não saí!
Mas, sabem que mais? Todos os anos, nestas vésperas de regresso à escola, sinto um formigueiro, uma excitação por aquilo que vou encontrar...um entusiasmo, é isso mesmo, um entusiasmo, que não me parece nada traumático.
E, invariavelmente, no 1º dia de escola, dou comigo a trautear a canção que, para mim, simboliza a escola
E com um búzio nos olhos claros
Vinham do cais, da outra margem
Vinham do campo e da cidade
Qual a canção? Qual a viagem?
Vinham p’rá escola. Que desejavam?
De face suja, iluminada?
Traziam sonhos e pesadelos.
Eram a noite e a madrugada.
Vinham sozinhos com o seu destino.
Ali chegavam. Ali estavam.
Eram já velhos? Eram meninos?
Vinham p’rá escola. O que esperavam?
Vinham de longe. Vinham sozinhos.
Lá da planície. Lá da cidade.
Das casas pobres. Dos bairros tristes.
Vinham p’rá escola: a novidade.
E com uma estrela na mão direita
E os olhos grandes e voz macia
Ali chegaram para aprender
O sonho a vida a poesia.
Outra Margem, Poema de Maria Rosa Colaço, musicado por Trovante no álbum Baile no Bosque, 1981
Mas vai sendo cada vez mais difícil cantar esta canção...
Amanhã ainda vou tentar!
Mais quais traumas? Com traumas ficam eles de tão protegidos e tão enfaixados em actividades e vigilâncias que não têm autonomia nem para comprar um chupa-chupa. Ou, quando têm, fazem asneira...porque coitadinhos eram imaturos.
Oh, pá! Eu sei que eu não podia falar assim, sendo professora e tal, mas - caramba - não era bom andar na escola?
Era, digo eu, que quem devia estar traumatizada era eu, que entrei para lá aos 6 anos e ainda não saí!
Mas, sabem que mais? Todos os anos, nestas vésperas de regresso à escola, sinto um formigueiro, uma excitação por aquilo que vou encontrar...um entusiasmo, é isso mesmo, um entusiasmo, que não me parece nada traumático.
E, invariavelmente, no 1º dia de escola, dou comigo a trautear a canção que, para mim, simboliza a escola
E com um búzio nos olhos claros
Vinham do cais, da outra margem
Vinham do campo e da cidade
Qual a canção? Qual a viagem?
Vinham p’rá escola. Que desejavam?
De face suja, iluminada?
Traziam sonhos e pesadelos.
Eram a noite e a madrugada.
Vinham sozinhos com o seu destino.
Ali chegavam. Ali estavam.
Eram já velhos? Eram meninos?
Vinham p’rá escola. O que esperavam?
Vinham de longe. Vinham sozinhos.
Lá da planície. Lá da cidade.
Das casas pobres. Dos bairros tristes.
Vinham p’rá escola: a novidade.
E com uma estrela na mão direita
E os olhos grandes e voz macia
Ali chegaram para aprender
O sonho a vida a poesia.
Outra Margem, Poema de Maria Rosa Colaço, musicado por Trovante no álbum Baile no Bosque, 1981
Mas vai sendo cada vez mais difícil cantar esta canção...
Amanhã ainda vou tentar!
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sábado, 12 de setembro de 2009
Pantominices
Alheei-me um bocadinho do trabalho - isto acontece-me muito quando estou demasiado cansada - e dei comigo a ter um pequeno diálogo imaginário com a minha avó:
" - Ó vó! Já reparou que marcaram as eleições legislativas para o seu dia de anos? Vai ser uma festa na televisão!
- Vai ser um circo, isso é que é. Bando de pantomineiros...- disse encolhendo os ombros, com aquele ar de quem já tinha visto muitos deles."
Dei comigo a sorrir.
Era isso mesmo que ela diria. «Pantomineiros», era o mínimo que ela lhes chamaria.
Será que a palavra existe mesmo?...Sempre imaginei um homem com calças grandes, aos quadrados...algo entre um arlequim e um bobo da corte...
Fui ver ao dicionário. Primeiro encontrei «Pantomimeiro», cujo significado é "aquele que pantomima; intrujão". E pensei logo. "Ah! Era pantomimeiro, a avó não dizia bem."
Desci mais um bocadinho no dicionário e - lá estava - «Pantomineiro». E o significado (para além do anterior) é : "embusteiro"; "intrujão"; "trapaceiro". Muito mais rico!
Querida avó! Ela ia lá enganar-se e usar a palavra mais probrezinha para algo com tantos epítetos como aqueles que ela atribuía aos políticos...
Orgulho-me muito de sair à família!
" - Ó vó! Já reparou que marcaram as eleições legislativas para o seu dia de anos? Vai ser uma festa na televisão!
- Vai ser um circo, isso é que é. Bando de pantomineiros...- disse encolhendo os ombros, com aquele ar de quem já tinha visto muitos deles."
Dei comigo a sorrir.
Era isso mesmo que ela diria. «Pantomineiros», era o mínimo que ela lhes chamaria.
Será que a palavra existe mesmo?...Sempre imaginei um homem com calças grandes, aos quadrados...algo entre um arlequim e um bobo da corte...
Fui ver ao dicionário. Primeiro encontrei «Pantomimeiro», cujo significado é "aquele que pantomima; intrujão". E pensei logo. "Ah! Era pantomimeiro, a avó não dizia bem."
Desci mais um bocadinho no dicionário e - lá estava - «Pantomineiro». E o significado (para além do anterior) é : "embusteiro"; "intrujão"; "trapaceiro". Muito mais rico!
Querida avó! Ela ia lá enganar-se e usar a palavra mais probrezinha para algo com tantos epítetos como aqueles que ela atribuía aos políticos...
Orgulho-me muito de sair à família!
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quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Como se os teus olhos fossem as portas do pranto
"(...)
À espreita está um grande amor
Mas guarda segredo
Vazio, tens o teu coração
Na ponta do Medo
Vê como os búzios caíram
Virados p'ra Norte
Pois Eu vou mexer no Destino
Vou mudar-te a Sorte
(...)"
Os Búzios; Letra de Jorge Fernando para a voz de Ana Moura, no Álbum Para além da Saudade
À espreita está um grande amor
Mas guarda segredo
Vazio, tens o teu coração
Na ponta do Medo
Vê como os búzios caíram
Virados p'ra Norte
Pois Eu vou mexer no Destino
Vou mudar-te a Sorte
(...)"
Os Búzios; Letra de Jorge Fernando para a voz de Ana Moura, no Álbum Para além da Saudade
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
O Meu Tempo!
O tempo dos «take away» e das empresas de limpeza, dos electrodomésticos e das empresas de mudanças, da margarina líquida e das refeições pré-cozinhadas, das lavandarias...
Este é o tempo que cuida do meu tempo, para que eu o possa empregar em coisas que me dão gozo; trabalho, também, mas gozo.
Este é, definitivamente, o meu tempo!
Este é o tempo que cuida do meu tempo, para que eu o possa empregar em coisas que me dão gozo; trabalho, também, mas gozo.
Este é, definitivamente, o meu tempo!
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Furo jornalístico?
A SIC descobriu uma forma de aumentar as audiências: criou um conjunto de reportagens sob o tema «Os Políticos como Nunca os Viu». Isto sim, é inovador e tem algumas potencialidades, pois, como todos os conhecemos, já ninguém os aguenta. Talvez haja esperança na forma como ainda nunca os vimos...
O Demo na Crácia da Gente
"asfixia democrática"; "democracia musculada"; "excesso de democracia", são coisas que eu vou ouvindo por aqui e por ali, cada vez mais, mas que não entendo. Em que parte da definição de Democracia é que cabem estas coisas? Ou a definição de Democracia mudou? Perdi alguma coisa?
Votar é um Direito e um Dever Cívico
Achei que alguém devia dizer isto...
Especialmente depois de ter visto a versão masculina do anúncio do voto - sim, para além de mau, em geral, também é sexista, em particular. Então é assim: para as mulheres apela-se ao penteado e para os homens ao uso do fato e gravata.
Não é uma questão de igualdade, pois para essa o slogan que recordo em epígrafe servia perfeitamente. Deve ser por causa da paridade...que é aquela que evoca quem os pariu a todos.
Que vergonha!
Especialmente depois de ter visto a versão masculina do anúncio do voto - sim, para além de mau, em geral, também é sexista, em particular. Então é assim: para as mulheres apela-se ao penteado e para os homens ao uso do fato e gravata.
Não é uma questão de igualdade, pois para essa o slogan que recordo em epígrafe servia perfeitamente. Deve ser por causa da paridade...que é aquela que evoca quem os pariu a todos.
Que vergonha!
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segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Pensar para o Futuro
"Pensar é promover um passeio da alma"
"Ler é retomar a reflexão de outrem como matéria-prima para o trabalho de nossa própria reflexão"
Marilena Chauí
"A melhor forma de prever o futuro é criá-lo"
Peter Druker
"Ler é retomar a reflexão de outrem como matéria-prima para o trabalho de nossa própria reflexão"
Marilena Chauí
"A melhor forma de prever o futuro é criá-lo"
Peter Druker
domingo, 6 de setembro de 2009
Eu devia saber
Como professora de História eu não me devia espantar.
Eu sei que a História está cheia de sacanas.
Mas - oh, pá! - quando eles me aparecem à frente, ao vivo e a cores, e a safarem-se melhor que os que merecem, porque sempre foi assim...não dá!
Eu devia saber!
Mas afinal eu acredito sempre que isto devia melhorar!
Snif!
Eu sei que a História está cheia de sacanas.
Mas - oh, pá! - quando eles me aparecem à frente, ao vivo e a cores, e a safarem-se melhor que os que merecem, porque sempre foi assim...não dá!
Eu devia saber!
Mas afinal eu acredito sempre que isto devia melhorar!
Snif!
É votar! É votar! É bué importante votar, meus!
Sentei-me aqui para exorcizar o escândalo sentido perante o anúncio - spot publicitário, penso - que incita à prática cívica e democrática de exercer o direito e dever de voto nas próximas eleições.
O acto de votar - escolher - é equiparado a um corte de cabelo!
Pensei mais ou menos no que ia escrever e tudo aquilo começou a fazer sentido. Um triste sentido, diga-se; mas sentido.
Recordei-me então que um dos programas diários, de horário nobre, com uma vasta audiência (não sei se não será líder de audiências) é um concurso da SIC. Até aqui nada de grave. Lembro-me como aprendi e aprendo coisas importantes em concursos, daqueles que conseguem aliar entretenimento com cultura geral ou provas de talento. Todos nos recordaremos da Cornélia, do Um, Dois, Três, do Pátio da Fama, etc. Mas então é preciso especificar que, no presente «líder de audiências», os concorrentes se vestem de supositório (pronto, eu sei que não é, mas é o que dá ideia) e toda a sua habilidade, destreza e talento, consiste em tentar encaixar-se nas formas abertas numa parede de esferovite. Caso contrário caem à água. É isto que ocupa grande parte do país, nas noites de todos os dias.
Dizem-me tios, pais e avós, que as suas crianças adoram Marco Horácio e que até brincam ao «Soltem a Parede!». Fico feliz que isso aconteça, mas entristece-me que a idade mental para que se prepara um programa diário, seja os 3 anos da neta do Sr. Joaquim, que diz com muita graça: Avô, olha: Soltem a paede!
Depois desta reflexão o anúncio passou a fazer sentido.
Para esta idade mental de grande parte dos portugueses - reparem que eu recuso estoicamente dizer a maioria - qualquer apelo a deveres democráticos ou imperativos de cidadania seria desadequado, mas o pânico por ter um corte de cabelo indesejado durante 4 anos, poderá ser suficientemente motivador para conduzir os portugueses às urnas. Por assim perceberem a necessidade do voto como algo também seu; tão importante como um corte de cabelo, com o qual nos apresentamos perante os outros, e nós próprios, ao espelho, diariamente. Portanto, algo importante. Algo cuja escolha não podemos entregar a outros.
Eu sei, eu sei: temos de descer às bases para que elas nos percebam, para que o discurso seja apreendido por todos. Seria pedir muito, procurar, (talvez...), educar as bases para que as estátuas não estivessem tão longe dos pedestais? Ou será que convém mantê-las onde estão, e felizes, porque uma leitura esclarecida das características da estatuária poderia pôr em perigo a admiração das obras de arte apostas em praças públicas?
Pode ser...Posso estar a exagerar...dizem-me, alguns, que tenho tendência para isso...e eu até acredito.
Ou não...
" (...)
vi engrossar de boys a lista,
vi saltitar mais do que esquilo,
de galho em galho ser artista,
e armar o estado em crocodilo.
voracidade? era do estilo.
economia? ai que arrefece!
vi Portugal vendido ao quilo
e o povo tem o que merece.
(...)
senhor, na entrada deste asilo,
mordeu-se a isca da benesse
e o povo tem o que merece."
Vasco Graça Moura, Balada do Bom Cavaquista
O acto de votar - escolher - é equiparado a um corte de cabelo!
Pensei mais ou menos no que ia escrever e tudo aquilo começou a fazer sentido. Um triste sentido, diga-se; mas sentido.
Recordei-me então que um dos programas diários, de horário nobre, com uma vasta audiência (não sei se não será líder de audiências) é um concurso da SIC. Até aqui nada de grave. Lembro-me como aprendi e aprendo coisas importantes em concursos, daqueles que conseguem aliar entretenimento com cultura geral ou provas de talento. Todos nos recordaremos da Cornélia, do Um, Dois, Três, do Pátio da Fama, etc. Mas então é preciso especificar que, no presente «líder de audiências», os concorrentes se vestem de supositório (pronto, eu sei que não é, mas é o que dá ideia) e toda a sua habilidade, destreza e talento, consiste em tentar encaixar-se nas formas abertas numa parede de esferovite. Caso contrário caem à água. É isto que ocupa grande parte do país, nas noites de todos os dias.
Dizem-me tios, pais e avós, que as suas crianças adoram Marco Horácio e que até brincam ao «Soltem a Parede!». Fico feliz que isso aconteça, mas entristece-me que a idade mental para que se prepara um programa diário, seja os 3 anos da neta do Sr. Joaquim, que diz com muita graça: Avô, olha: Soltem a paede!
Depois desta reflexão o anúncio passou a fazer sentido.
Para esta idade mental de grande parte dos portugueses - reparem que eu recuso estoicamente dizer a maioria - qualquer apelo a deveres democráticos ou imperativos de cidadania seria desadequado, mas o pânico por ter um corte de cabelo indesejado durante 4 anos, poderá ser suficientemente motivador para conduzir os portugueses às urnas. Por assim perceberem a necessidade do voto como algo também seu; tão importante como um corte de cabelo, com o qual nos apresentamos perante os outros, e nós próprios, ao espelho, diariamente. Portanto, algo importante. Algo cuja escolha não podemos entregar a outros.
Eu sei, eu sei: temos de descer às bases para que elas nos percebam, para que o discurso seja apreendido por todos. Seria pedir muito, procurar, (talvez...), educar as bases para que as estátuas não estivessem tão longe dos pedestais? Ou será que convém mantê-las onde estão, e felizes, porque uma leitura esclarecida das características da estatuária poderia pôr em perigo a admiração das obras de arte apostas em praças públicas?
Pode ser...Posso estar a exagerar...dizem-me, alguns, que tenho tendência para isso...e eu até acredito.
Ou não...
" (...)
vi engrossar de boys a lista,
vi saltitar mais do que esquilo,
de galho em galho ser artista,
e armar o estado em crocodilo.
voracidade? era do estilo.
economia? ai que arrefece!
vi Portugal vendido ao quilo
e o povo tem o que merece.
(...)
senhor, na entrada deste asilo,
mordeu-se a isca da benesse
e o povo tem o que merece."
Vasco Graça Moura, Balada do Bom Cavaquista
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sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Desabafo
Quando um burro é investido num lugar de direcção, o seu zurrar torna-se insuportável!
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Palavras repetentes
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Linguagens
"- A colega, desculpe, mas como sou nova na escola, tenho de perguntar...
- Faça favor de perguntar colega! É assim mesmo; eu também cheguei um dia a uma escola. A esta escola. Já lá vai tanto tempo...temos de ser uns p'rós outros.
- Obrigada. Então, o que eu queria perguntar, é se cá na escola, os quadros já são todos smartboards?
- Temos de todos. Pode servir-se dos smartboards ou dos stupidboards, os que gostar mais.
- Ah, muito obrigada.
- Ora essa!"
- Faça favor de perguntar colega! É assim mesmo; eu também cheguei um dia a uma escola. A esta escola. Já lá vai tanto tempo...temos de ser uns p'rós outros.
- Obrigada. Então, o que eu queria perguntar, é se cá na escola, os quadros já são todos smartboards?
- Temos de todos. Pode servir-se dos smartboards ou dos stupidboards, os que gostar mais.
- Ah, muito obrigada.
- Ora essa!"
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Palavras Forasteiras
Novas Competências
A minha incapacidade para me concentrar a ouvir debates políticos é uma coisa que vai muito para além da minha vontade consciente.
Porque eu tento...mas não consigo.
Como, frequentemente, quando tento ver debates políticos à noite adormeço, tentei aproveitar agora, o noticiário da hora de almoço, para tentar dominar esta vontade de me alhear e para ouvir de facto o que eles dizem.
Acho que era um extracto de um debate que aconteceu ontem, entre aqueles comentadores que falam dos políticos, mas são eles próprios também políticos.
E, de repente, tive uma revelação! Eu não sabia quem é que o Pacheco Pereira me fazia lembrar...e foi hoje, enquanto o meu espírito se recusava a ouvir o que eles diziam que eu vi, vi mesmo: Pacheco Pereira é igual a um kuala. Tal e qual!
Não é uma crítica (os kualas são tão simpáticos, nunca diriam o que o Pacheco Pereira diz) é uma constatação.
E, sobretudo, é a constatação de que o meu espírito não me obedece, quando sabe que tem razão; e encontra alternativas.
Se tinha que olhar para eles concentrou-se (ou concentrei-me, porque afinal estou a falar de mim, não é?) em aspectos mais apelativos, igualmente inúteis, mas apelativos - encontrar semelhanças entre os políticos e o reino animal. Esperemos que não ofenda nenhum bicho!
Porque eu tento...mas não consigo.
Como, frequentemente, quando tento ver debates políticos à noite adormeço, tentei aproveitar agora, o noticiário da hora de almoço, para tentar dominar esta vontade de me alhear e para ouvir de facto o que eles dizem.
Acho que era um extracto de um debate que aconteceu ontem, entre aqueles comentadores que falam dos políticos, mas são eles próprios também políticos.
E, de repente, tive uma revelação! Eu não sabia quem é que o Pacheco Pereira me fazia lembrar...e foi hoje, enquanto o meu espírito se recusava a ouvir o que eles diziam que eu vi, vi mesmo: Pacheco Pereira é igual a um kuala. Tal e qual!
Não é uma crítica (os kualas são tão simpáticos, nunca diriam o que o Pacheco Pereira diz) é uma constatação.
E, sobretudo, é a constatação de que o meu espírito não me obedece, quando sabe que tem razão; e encontra alternativas.
Se tinha que olhar para eles concentrou-se (ou concentrei-me, porque afinal estou a falar de mim, não é?) em aspectos mais apelativos, igualmente inúteis, mas apelativos - encontrar semelhanças entre os políticos e o reino animal. Esperemos que não ofenda nenhum bicho!
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